Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
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Alta temperatura em Fahrenheit 100º

1 dezembro 2001

No desenrolar da história, apareceu a mineira 'patricinha' Luciana", explica Cristiano. "Ela se envolveu com o grupo e agora é um contraponto fundamental, pois ela questiona, de maneira ingênua, as ações dos personagens".

Publicação

Página de
Fahrenheit 100ºA negociação com o Estado de Minas não foi problemática. "Apresentamos um projeto já com os personagens bem definidos e seus respectivos model-sheets (modelos visuais), com umas cinco páginas de roteiro e duas já desenhadas. Logicamente, mostramos o portfólio do BigJack, que foi fundamental na aprovação final", relembra. "Mas não foi nada complexo de ser aprovado. Na época, o editor acreditava muito no projeto, e raramente pedia alguma alteração".

Com a mudança da editoria interna, foi resolvido retornar ao velho esquema de tiras em quadrinhos, e Fahrenheit 100º teve que sair do jornal. A saída foi de comum acordo. "o portal Uai, que hospeda o Fahrenheit, pertence ao Estado de Minas, e as relações sempre foram tranqüilas", assegura Cristiano. "No lugar, entrou uma tirinha de meia página sobre meninas que moram em uma 'república' enquanto fazem faculdade".

Ao todo foram 60 páginas semanais. "Com certeza, durante este período, sabíamos que tinha mais gente lendo o Fahrenheit do que o X-Men, por exemplo", comemora.

Atualmente, Cristiano Seixas escreve as histórias, apesar de André Melo ter deixado vários roteiros adiantados. Cristiano Bolson ajuda acrescentando idéias e, na maioria das vezes, faz o layout de toda a narrativa. A arte fica por conta de Rodney Buchemi (desenhos) e Júlio Ferreira (arte-final).

Curiosidade

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Fahrenheit 100ºComo a equipe por trás de Fahrenheit 100º trabalha junta, casos e curiosidades costumam surgir com freqüência.

Uma delas aconteceu no dia 11 de setembro de 2001, quando aconteceram os atentados terroristas nos Estados Unidos. Era uma terça-feira e, portanto, dia de uma página da história aparecer no Estado de Minas. E assim foi feito.

O destaque desse dia era um helicóptero se chocando e caindo dentro de um shopping de Belo Horizonte (veja imagem ao lado), e a parte de baixo da página acabou sendo cortada por um simples erro de impressão. Por decisão editorial, e não dos criadores, a página não foi republicada, por lembrar a tragédia no World Trade Center.

Novos projetos

Storyboard de Fahrenheit 100ºNo site oficial do grupo é possível encontrar mais informações sobre os personagens e as pessoas responsáveis pela criação de Fahrenheit 100º. São matérias que falam sobre o processo de produção das histórias, incluindo sketches, artes-finais, fotos de produção, colorização digital, balonamento e letreiramento.

Existe ainda um projeto para um curta-metragem, com o script e storyboard já prontos e aprovado pela Lei Estadual de Incentivo à Cultura em 2002. Agora, estão à procura de um patrocínio para continuar a produção.

Mas se você não é de Minas Gerais e não teve a oportunidade de conhecer o projeto, a chance pode estar mais próxima do que imagina. Com a aprovação da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e o apoio da Secretaria de Cultura de Belo Horizonte, está sendo desenvolvido uma coletânea de Fahrenheit 100º. A revista deve ter de um a três números. Aguarde mais novidades aqui no Universo HQ.

Storyboard de
Fahrenheit 100ºOs envolvidos no projeto tiveram que definir bem suas posições. "Conseguimos ótimos resultados com uma produção em equipe e uma divisão de tarefas, prazos pequenos e mantendo a linha da revista e da arte. Isto será visto na revista", analisa Cristiano. "Tivemos um roteirista; um revisor; um desenhista que fez o layout; um quadrinhista de personagens e outro de cenários; um arte-finalista de personagens e outro de cenários; um assistente para caçar referências, tirar fotos digitais e digitalizar os originais; um colorista para chapar as cores e outro para dar volumes e fechar o arquivo".

"Colocamos as páginas coladas nas paredes, como se fosse um storyboard, e fomos repassando as etapas. Foi uma experiência que durou cerca de três meses, e redefiniu nossas possibilidades como estúdio. Acho que todo quadrinhista deveria ter aprendizados deste tipo. É enriquecedor", finalizou.

Samir Naliato é petropolitano, mora no Rio de Janeiro, tem sócios paulistanos e é fã dos quadrinhos mineiros. O que ele gostaria, mesmo, é que a "temperatura" dos quadrinhos nacionais passassem - e muito - dos 100º Fahrenheit!

 

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