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Mythos lança Superman: A Guerra dos Mundos

1 dezembro 2001

Superman: Guerra dos MundosEm 30 de outubro de 1938, feriado do Dia das Bruxas nos Estados Unidos, milhões de americanos sintonizaram seus rádios num dos mais populares programas da época. O show, um tipo de radioteatro dirigido e estrelado pelo cineasta, ator e produtor Orson Welles, apresentava dramatizações de grandes obras literárias.

Naquela noite, a atração era a adaptação de A Guerra dos Mundos, um dos maiores clássicos da literatura de ficção científica. Escrito por Herbert George Wells, o livro contava a história de uma invasão de marcianos à Terra. No entanto, quando adaptou a obra para o rádio, Welles fez uma importante mudança: redigiu todo o roteiro de sua peça simulando a cobertura jornalística de uma invasão marciana. Com essa técnica, pretendia intensificar a carga dramática e emocional do programa.

O evento começou quando a programação musical da emissora foi interrompida várias vezes para a transmissão de falsos boletins. Segundo os noticiários, "um enorme objeto em chamas" havia caído em uma fazenda nos arredores de Grovers Mill, em Nova Jersey. A cada boletim, atores, nos papéis de locutores, repórteres, autoridades e outras figuras que normalmente são ouvidas nessas ocasiões, descreviam a chegada e a destruição dos Estados Unidos por uma força invasora do planeta Marte. No início de cada transmissão, um locutor explicava que tudo não passava de uma dramatização, mas, se o ouvinte perdesse esse trecho do programa, o esclarecimento só seria veiculado novamente 40 minutos depois.

O impacto foi fulminante. Com impressionante realismo, a peça prosseguiu... até que o inesperado aconteceu. Carregada de efeitos sonoros, a simulação foi tão arrebatadora que grande parte dos ouvintes acreditou que era tudo real, que estavam acompanhando a cobertura ao vivo de uma verdadeira invasão marciana. Milhares de pessoas abandonaram seus lares e lotaram estradas. Outras se trancavam em seus porões, armavam-se e até cobriam os rostos com toalhas molhadas, para evitar a inalação dos "gases venenosos dos marcianos". Totalmente apavorados, os americanos fizeram o que podiam para se defender dos inexistentes extraterrestres.

Quando o programa terminou e a brincadeira foi esclarecida, vieram as conseqüências. O entretenimento que provocou pânico em massa tornou-se um escândalo nacional. Houve manifestações para que o governo estabelecesse um código rígido de radiodifusão, a fim de impedir que aquele tipo de incidente se repetisse. As pessoas que acreditaram na simulação foram ridicularizadas (como acontece atualmente com as vítimas das estúpidas "pegadinhas" de vários programas de TV). E o jornal New York Tribune previu o futuro risco de que políticos inescrupulosos se aproveitassem dos meios de comunicação em massa para manipular o público: "Há um mês," dizia o artigo, "Hitler apavorou e prostrou toda a Europa. Mas ao menos ele contava com um exército e uma força aérea para sustentar seu discurso histérico. Já o Sr. Welles apavorou e desmoralizou milhares de pessoas sem absolutamente nada."

Hoje, 63 anos depois, A Guerra dos Mundos continua inesquecível. Não apenas como "a maior fraude de todos os tempos", mas como um clássico que galgou o patamar de mito. Celebrizada no rádio, cinema e televisão com sucesso absoluto, também inspirou inúmeros filmes, séries, livros e, é claro, histórias em quadrinhos sobre invasões alienígenas.

A edição especial Superman: A Guerra dos Mundos, da Mythos Editora, é mais uma homenagem das HQs a esse mito do entretenimento mundial. O especial, que chega às bancas em setembro, foi escrito pelo consagrado veterano Roy Thomas e ilustrado por Michael Lark, que manteve o estilo das primeiras histórias do Homem de Aço.

Superman: A Guerra dos Mundos (edição especial de luxo, 64 páginas, R$ 6,90, formato Mythos), é uma história da linha Túnel do Tempo (Elseworlds, no original), onde os heróis da DC Comics são removidos de seu universo habitual e situados em cenários incomuns, que existiram ou podem ter existido na vida real, e outros totalmente inovadores.

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