Confins do Universo 201 - Arigatô, sensei Akira Toriyama!
OUÇA
Matérias

Os Transformers voltam às bancas

14 agosto 2003

Após quase "quatro milhões de anos" de espera, finalmente os transfãs de todo Brasil poderão ir à banca mais próxima de suas casas e ler seus heróis de Cybertron

Por Lico Mota

Transformers Generation OneA
espera foi longa, mas está chegando ao fim! A Panini
Comics
deve lança em setembro a série Transformers Generation
One
, publicada originalmente pela Dreamwave em 2002.

A série foi um estrondoso sucesso nos Estados Unidos, surpreendendo muita
gente pelo volume de vendas. Só não houve surpresa para os fãs de Transformers
ao redor do mundo, que tinham certeza de que, se houvesse um lançamento
trazendo os antigos personagens do desenho animado dos anos 80, o êxito
seria imediato.

E foi realmente o que aconteceu. A desconhecida Dreamwave liderou
o ranking dos mais vendidos da distribuidora Diamond no
ano passado com a minissérie Transformers Generation One, e depois
conseguiu excelentes posições ao lançar os títulos Transformers: The
War Within
e Transformers Armada.

Afinal, Transformers é apenas um fenômeno de momento ou um sucesso
que veio pra ficar? Pra desvendar esse mistério, vale voltar no tempo
e descobrir como isso começou...

Anos 80 reloaded

Optimus PrimeA
onda de nostalgia da década de 1980 foi fundamental para as vendas pra
lá de bem-sucedidas de títulos atuais como Transformers G1, Thundercats,
He-Man e G.I. Joe. Mas se houve um lugar onde isso começou,
foi a internet.

Com o advento da internet, todos aqueles que quando crianças colecionavam
figuras de ação dos anos 80 ou apenas assistiam aos desenhos animados
da TV, voltaram a se interessar pelo assunto, agora como jovens e adultos.

Sites e mais sites sobre os personagens surgem daqui e dali; antigos colecionadores
compram e vendem figuras de ação, revistas em quadrinhos e todo tipo de
memorabília imaginável dos antigos ídolos.

Não demorou muito para serem criados fóruns, listas de e-mails e salas
de discussão do assunto. Assim, formaram-se comunidades, clubes e organizaram-se
convenções. Heróis da década de 80 logo eram novamente uma coqueluche,
dessa vez disseminada pela nostalgia dos internautas - que não são poucos.

E de todos esses personagens, os Transformers se destacam como os mais
queridos.

Numa recente pesquisa da revista Wizard Toyfare sobre qual seria
a melhor coleção de toys de todos os tempos, a coleção Transformers
surpreendeu ao vencer o clássico Star Wars na semifinal. Na "decisão",
teve uma esmagadora votação contra He-Man and the Masters of The Universe.

MegatronEm
outra pesquisa, o desenho animado Transformers esteve no Top
10
da eleição dos 100 maiores desenhos animados de todos os tempos.
As animações Beast Wars e Beast Machines - recentes ramificações
do desenho animado original - também integraram esse rol.

A prova final da adoração pelos Transformers foi a quantidade de revistas
vendidas. Enquanto Thundercats, G.I. Joe e He-Man
conseguiram boas posições no ranking das mais vendidas, Transformers
conseguiu a façanha de vender mais - leia-se muito mais - que X-Men,
até então o líder da última década, mantendo uma regularidade durante
as seis edições. Assim, enquanto X-Men manteve suas 100 mil cópias
mensais, a primeira edição de Transformers G1 bateu quase 120 mil
cópias!

A primeira edição da série surpreendeu também pela quantidade de pré-vendas
feitas pela internet. Até a Dreamwave se assustou um pouco com
isso, e chegou a publicar três tiragens da revista, além de variant
covers
, pôsteres e afins.

Por ser uma edição de estréia, era até plausível uma venda tão boa, mas
a aposta era que a revista seria um fenômeno passageiro, que não permaneceria
no topo por muito tempo. Mas a regularidade se manteve, e Transformers
deixou todos os títulos Marvel
e DC Comics
para trás, causando o maior rebu no mercado de quadrinhos.

Quadrinhos Transformers

Transformers #1, de 1984A
jornada dos robôs de Cybertron nas HQs começou em setembro de 1984, com
o lançamento de Transformers # 1 - a primeira parte de uma minissérie
de quatro edições, como estava escrito na capa.

Só que não foi apenas uma minissérie, e a revista durou 80 edições nos
Estados Unidos, terminando cinco números após o clássico combate entre
Transformers e Unicron (# 75), no qual Optimus Prime derrota Unicron usando
a Matriz de Criação - fato que não aconteceu no filme, mas que todos os
fãs gostariam de ter visto.

Algum tempo depois, foi lançada a série Transformers Generation 2,
que, apesar de trazer uma arte meio estranha, agradava no roteiro. Essa
revista durou apenas 12 edições e encerrou o ciclo de quadrinhos da série
em 1993.

Várias minisséries foram lançadas durante esse tempo, entre elas um crossover
com os G.I. Joe, a quadrinização do filme e Transformers Universe
- uma espécie de enciclopédia com os personagens. Mas o que muita gente
não sabe é que, na Inglaterra, houve muito mais HQs dos personagens do
que nos EUA.

Transformers UK #41No
início, a revista Transformers UK foi lançada apenas reeditando
histórias já publicadas nas terras de Tio Sam. Depois, no entanto, começou
a produzir suas próprias aventuras, sem fugir da cronologia. O título,
que tinha um número de páginas reduzido, chegou a ser semanal e durou
336 edições (!), sem contar os anuais de capa dura, formato livro.

E foi nas revistas de Transformers UK que surgiu um roteirista
de nome pouco conhecido do público em geral, mas idolatrado pelos fãs
da série: Simon Furman. Considerado um "papa" quando o assunto é Transformers,
ele fez arcos de histórias tão boas, que acabou sendo chamado para dar
seqüência também à série americana, sendo o responsável pela conclusão
da saga.

Curiosidades aleatórias

O artista Brett Breeding arte-finalizou apenas uma história dos Transformers.
O título era Funeral for a Friend, e trazia o funeral de Optimus
Prime, o maior herói da série.

Anos depois, Brett viria a arte-finalizar a morte do Superman e uma minissérie
de homônima.

Ambos heróis voltaram à vida.

Outra relação com o Homem de Aço é que, reza a lenda, que os Transformers
surgiram inspirados no episódio Mechanical Monsters do antigo (e
belíssimo) desenho do Superman dos estúdios Fleischer, na
década de 1940.

A nova versão da Dreamwave

TransformersA
Dreamwave teve várias vantagens ao ter em mãos o nome Transformers.

Uma delas foi a liberdade de criação da nova série. Enquanto a antiga
muitas vezes era obrigada a se perder nos roteiros por ter que divulgar
novos robôs - o que significava novos brinquedos que pareciam surgir todos
os dias -, nas HQs atuais não era preciso se preocupar com nada disso.
Os personagens utilizados são velhos conhecidos dos fãs.

Outra vantagem é que o longo tempo no limbo fez com que antigos fãs viessem
sedentos atrás de uma nova revista, ainda mais por trazer os personagens
clássicos, maiores responsáveis pelo sucesso da série.

E a força da marca Transformers, sem dúvida, foi a maior vantagem.
Foram lançados, ao longo de 20 anos, inúmeros produtos diferentes pelo
mundo todo, como desenhos animados, quadrinhos, brinquedos e memorabília.
Além do fato de até hoje os Transformers serem copiados a torto e a direito.

Tudo isso, aliado à qualidade da arte e a dinâmica dos roteiros, que estão
mais maduros, fez da nova série de quadrinhos um fenômeno. Além disso,
a Dreamwave contratou Simon Furman para escrever a série Transformers:The
War Within
, que conta histórias do passado de Cybertron com os personagens
clássicos.

E a equação foi simples: Simon Furman + arte espetacular = sucesso garantido.

Trajetória no mercado brasileiro

Transformers #3, edição brasileiraForam
apenas dois anos de vida no Brasil, mas a revista Transformers
deixou saudades.

O título era lançado junto com a revista D´Artagnan, pela Rio
Gráfica e Editora
, e ambas duraram 12 edições.

O número derradeiro fechou o primeiro arco de histórias da série, e o
fim da editora deu a entender que a revista seria cancelada no Brasil.

No entanto, a RGE apenas deu lugar à Editora Globo, que
trazia reforços de peso como a Turma da Mônica, o Fantasma
e o Recruta Zero. Quando ninguém mais esperava, eis que surge a
revista Transformers Especial, com o dobro de páginas e um preço
bem mais caro que a revista anterior.

A Globo desgastou ao extremo a revista, chegando a falhar na periodicidade,
publicando-a duas edições em 30 dias e deixando de lançá-la mês ou outro.
Além disso, por muitas vezes, os personagens traziam nomes traduzidos
em uma história; e em outras o original.

Transformers #12, edição brasileiraNão
bastasse isso, como a revista republicava duas edições da americana por
mês, chegou um momento em que a cronologia nacional alcançou a americana,
o que impossibilitou o lançamento de um novo número com duas histórias.

Graças a essa trapalhada, a revista Transformers Especial não passou
do número 10 - o equivalente à edição 32 nos EUA. Muito material interessante
ficou pra trás, como o crossover com os G.I.Joe, que poderia
perfeitamente ter sido lançado pela editora, uma vez que eles também publicavam
o gibi Comandos em Ação.

A última vez que um personagem dos Transformers deu as caras em revistas
brasileiras foi numa rápida aparição de três quadrinhos da personagem
Rompe-Circuitos, numa revista do Incrível Hulk, durante a saga Guerras
Secretas II
.

A última edição de Transformers Especial chegou às bancas em novembro
de 1987 e, desde então, não se publicou mais quadrinhos com os Transformers
no Brasil. Até agora.

Transformers bem brasileiros

Capa de Transformers #1, da RGETransformers
era publicada numa época em que brasileiro não tinha essa frescura de
ficar falando comics - conhecia apenas o gibi, e era feliz
por isso. Você juntava seus cruzados e ia comprar a revista com o jornaleiro,
não em comic shops.

O lançamento da revista Transformers # 1, no Brasil, pela RGE,
aconteceu em novembro de 1985, alguns meses depois do lançamento nos Estados
Unidos.

O gibi tinha algumas particularidades interessantes. O logotipo, por exemplo,
não era o original americano, pois seguia o da linha de brinquedos da
Estrela. Assim, os Autobots viraram Optimus; e os
Decepticons viraram os Malignus, pra poder facilitar a identificação
com os brinquedos.

Outra curiosidade: a capa da edição número 1 americana trazia uma arte
pintada com Optimus Prime - um personagem azul e vermelho -, além de um
fundo pintado essencialmente em azul e vermelho. No Brasil, contudo, a
arte foi alterada radicalmente. A RGE a encheu de verde e amarelo,
não poupando nem mesmo o personagem, que ficou irreconhecível.

Mas o que mais dividia os antigos leitores eram os nomes traduzidos. Se
eles mudavam até as cores dos EUA pras do Brasil, imagine nomes como Bumblebee,
Wheeljack e Thundercracker! Furão, Motriz
e Viajante funcionariam melhor. Ou não?

As discussões defendendo ou apedrejando os nomes nacionais duram até hoje,
mas a verdade é que dificilmente a Panini vai transformar Optimus
Prime
em Supremus Absolutus novamente.

Dezesseis anos depois...

Tudo
bem, é exagero dizer que demorou quase quatro milhões de anos pro retorno
dos quadrinhos Transformers ao Brasil; e nem todo fã acompanhou
a série das HQs para guardar saudades.

Mas quem acompanhou a série original quando foi lançada por aqui, e está
há 16 anos aguardando por uma nova publicação nas bancas, não agüenta
mais a expectativa.

Depois de muitos rumores de que a "versão remasterizada" de Transformers
aportaria por aqui, finalmente o boato virou notícia! Ponto pra Panini!

Mesmo quem não é fã de Transformers vai gostar da qualidade da
revista. Quem já curtia a série vai delirar. E os que têm apenas uma "fagulha
nostálgica" perdida dentro de si, do tempo em que as manhãs de domingo
eram invadidas pela turma do caminhão e do fusquinha amarelo que viravam
robôs, vai se divertir bastante, com toda certeza.

Lico Mota é responsável
pelo site Dito
& Feito
, que tem um caderno dedicado aos Transformers. Dizem que a
sua grande frustração foi nunca ter conseguido se transformar num caminhão,
apesar das inúmeras tentativas!

 
Já são mais de 570 leitores e ouvintes que apoiam o Universo HQ! Entre neste time!
APOIAR AGORA