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Polêmica na extinção de uniformes dos super-heróis

1 dezembro 2001

Grant Morrison
Em depoimento ao jornal The London Sunday Times, os escritores Grant Morrison e Mark Millar, além do editor-chefe da Marvel, Joe Quesada, falaram sobre as tendências que os quadrinhos de super-heróis poderão tomar após os atentados terroristas em Nova York e Washington, no último dia 11 de setembro. Entre os assuntos em pauta, estavam o nível de violência e os uniformes usados.

Depois da reformulação mutante do início de 2001, quando Morrison acabou com os uniformes tradicionais, substituindo-os por roupas inspiradas no longa metragem produzido ano passado, o autor concordou em fazer a mesma coisa com o Quarteto Fantástico e o Homem-Aranha, e disse esperar a oportunidade de fazer isso com dois dos maiores ícones das HQs: Super-Homem e Batman.

"Depois do dia 11 de setembro, super-humanos violentos não são mais o suficiente. Devemos colocar a atual situação internacional no contexto, ao invés de ter apenas lutas entre personagens coloridos", disse ao jornal.

E essa parece ser uma idéia antiga de Morrison. Ao ser anunciado como novo escritor regular do título, ano passado, ele deu a seguinte declaração. "Os uniformes são estúpidos. Super-heróis só têm essas roupas por causa do Super-Homem; e o Super-Homem só tem esse uniforme porque seu design original foi baseado naqueles homens fortes de circo da década de 1930, e porque o processo de impressão da época só podia ter cores primárias. Nós podemos largar tudo isso, ir além, e procurar inspiração em outros lugares. Não quero mais ver o Wolverine usando uma máscara na forma de seu cabelo. Não quero mais ver amarelos e azuis. Quero que eles se vistam de uma maneira que possam andar alguns metros sem que riam deles."

Mark MillarSobre as atuais histórias dos X-Men, ele explicou o caminho que está começando a tomar. "Já comecei a escrever os X-Men como um quadrinho pacifista. Eles não acreditam em violência. Eles querem mudar o mundo de outra maneira. Estou mais voltado às bases psicológicas dos quadrinhos, as idéias que eles exploram", enfatizou.

Joe Quesada confirmou a intenção da Marvel em seguir esse caminho iniciado com os X-Men. "Tirar os uniformes dos heróis é algo que estamos passando neste ano, e que os leitores verão ainda mais em 2002. Nem todos os personagens revelarão suas identidades, mas alguns sim", esclareceu. "Nossos heróis sempre foram menos fortes do que os dos nossos concorrentes. Então, eles lidam com a vida em um nível mais humano".

Para Millar, isso significa evolução e amadurecimento. "Assim como vemos a ação, veremos também as suas conseqüências, e isso não é uma coisa ruim. Os personagens serão forçados a serem mais tridimensionais. Como escritor, acho que isso só pode ser um ponto positivo". Mark Millar já teve uma experiência neste sentido, quando trabalhou com o título The Authority, e já pretendia tomar um rumo parecido na nova série The Ultimates.

Agora, ficam as perguntas. Até que ponto a Marvel fará essa reformulação com seus personagens? Será que o Homem-Aranha, com um filme para estrear nos próximos meses, perderá o seu uniforme? Terá sua identidade revelada? Ou isso ocorrerá apenas com personagens de menor expressão?

Joe QuesadaSobre fazer o mesmo com Super-Homem e Batman, vale lembrar que Grant Morrison saiu brigado da DC Comics, após a editora recusar sua proposta de reformulação do Homem de Aço; e tudo pode não passar de uma vontade do escritor. Sem falar que esses personagens são ícones reconhecidos em todo o mundo, marcas já fixadas no imaginário popular.

Por isso mesmo, o próprio Grant Morrison foi rápido em amenizar as coisas, dizendo que foi um exagero da imprensa. "Eu apenas disse que estou seguindo essa tendência nos X-Men, há muito tempo. Brinquei sobre isso com o Joe Quesada e Bill Jemas. Não consigo imaginar Peter Parker pendurando seu uniforme... ainda", finalizou.

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