Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
OUÇA
Notícias

Alan Moore sai da DC/Wildstorm

24 maio 2005

Alan Moore
Segundo o colunista de quadrinhos Rich Johnston, Alan Moore está se desligando
da DC/Wildstorm.
Uma das brigas marcantes do autor com a editora foi a respeito de produtos
de Watchmen, buttons para ser mais preciso, vendidos
logo após o lançamento da série, sobre os quais a DC
não pagou os royalties a Moore e Dave Gibbons. Para piorar tudo,
a editora justificou o não pagamento afirmando que eram itens promocionais.

Vale lembrar que originalmente os direitos de Watchmen reverteriam
para Moore e Gibbons, logo que a edição estivesse esgotada e fora de catálogo,
coisa que, até hoje, depois de 20 anos, ainda não ocorreu, visto que a
DC continua reimprimindo o material anualmente.

Moore montou a ABC Comics quando a Wildstorm
pertencia à Image.
Mais tarde, quando foi vendida à DC, foi preciso acertar
os ponteiros com Alan Moore, para que não existisse nenhuma interação
entre o autor e a editora.

Liga Extraordinária Volume 3Mas,
como era de se imaginar, aconteceram problemas. Primeiro, Paul Levitz,
o chefão da DC, ordenou que o número #5 do segundo volume
da Liga Extraordinária fosse destruído (virou apara de papel)
e reimpresso, sem um anúncio (réplicas de anúncios vitorianos impressos
nas revistas originais) que ele considerou abusivo, que continha a expressão
Marvel Douche.

Douche (ou Douche Bag) hoje é um termo usado com gíria
ofensiva em inglês, apesar de significar, originalmente, uma ducha para
lavagem, usada em tratamentos médicos. A palavra "Marvel" (nome da editora
concorrente da DC), significa maravilha (ou neste caso,
maravilhosa).

Depois deste incidente, a DC, novamente sob ordens de
Paul Levitz, proibiu que Moore usasse uma história de domínio público,
num conto de Cobweb, em Tomorrow Stories #8, que fazia alusão
a outros personagens da editora.

Watchmen
Este incidente foi o estopim para que o criador, em 2000, retirasse seu
apoio à edição de 15° aniversário de Watchmen. Este álbum em
capa dura seria lançado juntamente com uma linha de brinquedos. Moore
publicou uma declaração se opondo à editora e ao projeto, que resultaram
no cancelamento de ambos.

Desde então, o autor tem procurado terminar seu trabalho na ABC
e se afastado de seu papel mais ativo, permitindo que outros artistas,
incluindo sua filha Leah Moore, trabalhassem com os personagens.

Em 2005, Alan Moore fez um ultimato à DC, usando Scott
Dunbier como intermediário. O autor não toleraria mais nenhuma interferência,
qualquer que fosse, da editora em seu trabalho. Se isto ocorresse, ele
levaria seus projetos remanescentes (leia-se Liga Extraordinária Volume
3
) para ser publicado em outro lugar.

Para entender o resto das razões que levaram Moore a sair da DC,
é necessário explicar problemas que o escritor inglês teve com outros
filmes adaptados de seus quadrinhos, mais precisamente a versão cinematográfica
de A Liga Extraordinária.

A série original foi escrita por Moore e desenhada por Kevin O'Neil, e
serviu de "base" para o filme, que tem pouca relação com o material original.

V de Vingança
O filme (e não Moore) introduz no grupo de heróis vitorianos (composto
por Alan Quarterman, Mina harker, Sr. Hyde, Capitão Nemo e o Homem-Invisível),
os personagens Tom Sawyer e Dorian Gray. E isto levou a um processo por
plágio.

O processo contra a 20th Century Fox, por plágio do roteiro
de Cast Of Characters, acabou incluindo Moore, que chegou a passar
dez horas depondo sobre seu trabalho numa delegacia de polícia. E o fato
da Fox pagar para resolver o problema fora dos tribunais,
só piorou a imagem do acontecido.

Desde então, Moore tem recusado dinheiro e crédito nos filmes adaptados
de seu trabalho. O autor pediu que seu nome fosse retirado de Constantine
e que sua parte do dinheiro fosse dividida com os artistas e outros autores
que trabalharam com o personagem que ele criou, como John Totleben, Rick
Veitch e Steve Bissette.

Joel Silver
O mesmo ocorreu com o filme V de Vingança, da Warner
Bros.
(estúdio que é dono da DC Comics) produzido
por Joel Silver e escrito pelos irmãos Wachowski, cuja parte em dinheiro
foi para David Lloyd.

Moore chegou a conversar com Larry Wachowski e lhe disse que não queria
participar do filme, não tinha interesse em Hollywood e que estava ocupado.
Um press release de Joel Silver divulgando a data de lançamento
do filme (novembro deste ano), distorceu as palavras de Moore, usando
seu nome para promover o filme.

Alan Moore pediu, novamente por intermédio de Dunbier, que o produtor
se retratasse, explicasse o ocorrido e fizesse um pequeno pedido de desculpas.
Algo simples como "devido a um mal entendido Alan Moore não deseja estar
associado ao filme V de Vingança".

Apesar da tentativa do próprio Paul Levitz de obter um pedido de desculpas
do produtor, a única coisa que foi feita depois de duas semanas (prazo
dado por Alan Moore), foi a retirada de seu nome do release, no site do
filme.

O que levou o autor, famoso por suas atitudes decisivas e pelas defesa
ferrenha de seus valores, a tirar A Liga Extraordinária (The
League of Extraordinary Gentlemen
) das mãos da DC.

O terceiro volume da série, que está quase pronto, será publicado pela
editora Top Shelf, editado por Chris Staros, em parceria
com a britânica Knockabout Comics.

Anteriormente o autor já havia se indisposto com a Marvel
Comics
, que nos últimos anos tem tentado restabelecer relações
com Moore.

Além disso, o criador está terminando seu novo livro, Jerusalem,
e uma graphic novel que sairá pela Avatar.

Já são mais de 570 leitores e ouvintes que apoiam o Universo HQ! Entre neste time!
APOIAR AGORA