Ontem
à noite, o quadrinhista chileno Alejandro Jodorowsky fez sua primeira
conferência na edição paulistana do festival que o homenageia, promovido
pelo Centro Cultural do Banco do Brasil. O tema eram justamente
as HQs.

O autor abriu a sua fala, pontuada por muito bom humor, relembrando sua estréia nos quadrinhos com Incal. Na época, Jodorowsky já era um cineasta consagrado por filmes como A Montanha Sagrada e El Topo e, por conta deles, foi convocado a fazer uma adaptação do romance de ficção científica Duna, de Frank Herbert. Seu projeto, monumental e revolucionário, contava com nomes como Salvador Dali, Orson Wells e David Carradine no elenco e Moebius e HR Giger colaborando com a concepção visual. Previsto para durar 16 horas, acabou vetado pelos estúdios norte-americanos.

Na época, Moebius ensaiou chamar o projeto de "fracasso", mas Jodorowsky respondeu imediatamente. "Fracassar não existe. Isso é só uma mudança de caminho. Vamos fazer uma história em quadrinhos", declarou. "Uma HQ pode ser vista por mais gente do que um filme, se você tem paciência. Quatro milhões de pessoas ao redor do mundo já leram Incal".

Jodorowsky também é místico, criador de uma doutrina terapêutica chamada Psicomagia. Para exemplificar, analisou os mitos psicanalíticos por trás da famosa piada que envolve Superman, Mulher-Maravilha e o Homem-Invisível. Em seguida, um integrante da platéia começou a descrever para ele a Turma da Mônica, na tentativa de arrancar uma nova interpretação.

"Não conheço e, portanto, não posso dizer nada", explicou. "Mas o coelho é o animal mais sexual da psicanálise".

Antes de encerrar, respondendo aos leitores, elencou outros quadrinhistas que o agradam. São poucos, como Will Eisner, Hal Foster, Jack Kirby e até Alan Moore. "Este último se voltou para a magia. Acredito que o influenciei", disse, sorrindo.

Hoje, às 20h30min, o quadrinhista participa de uma sessão de autógrafos na Fnac da Avenida Paulista. O Festival Jodorowsky segue até domingo no CCBB de São Paulo, Rio e Brasília.