Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
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Crise econômica: quadrinhos estão virando investimento

3 novembro 2008

Action ComicsO
mercado de obras de arte vem surpreendendo diante do caos econômico que
ora atinge o mundo. O exemplo mais notório e celebrado é o do artista
plástico inglês Damien Hirst, cujas criações são grandes animais (tubarões,
bezerros e outros) empalhados e adornados com detalhes variados.

Para muitos, ele é apenas um taxidermista, mas desde o mês passado já
ganhou quase meio bilhão de dólares com a venda de seus trabalhos em leilões
diversos. Como escreveu a Folha de S.Paulo, "Hirst zomba do mercado".

Na esteira dessa tendência que, por enquanto, sobrevive e cresce à revelia
da crise econômica, também estão as obras de arte relacionadas às HQs.
Nesse caso, as próprias revistas em quadrinhos incrementam ainda mais
seu status de moeda valiosa na sempre inflacionada área de colecionáveis,
pelo menos nos Estados Unidos e em alguns países da Europa.

De acordo com o site britânico de negócios This
is Money
, o valor de gibis clássicos aumentou em quase 10% desde
a última avaliação. Um exemplar de Action Comics, com a primeira
aparição do Super-Homem, já está valendo quase 800 mil dólares.

"Quadrinhos
do Super-Homem, Batman e de outros personagens das eras de ouro e de prata
são investimentos fixos realmente fortes", disse ao site do jornal norte-americano
KVAL o proprietário
da loja Nostalgia
Collectibles
Darrell Grimes, em Eugene, Oregon, Estados Unidos.

Há duas semanas, o Wall Street Journal revelou que muitos donos de comic shops norte-americanas estão investindo pesado em quadrinhos raros dessas eras clássicas. Seria uma saída para a retração nas vendas de gibis contemporâneos, muitos dos quais já tiveram os preços reajustados. Dependendo da edição, um único exemplar dessas raridades vendido a um colecionador mais abastado garantiria a féria do mês para grande parte dos lojistas.

Na Europa, informa a BBC News, está acontecendo um estouro de vendas
no mercado de artes originais de quadrinhistas clássicos como Jack Kirby,
ofertados em sites de leilão dos Estados Unidos. Isso é justificado pelo
câmbio entre dólar e euro, favorável aos europeus.

Arte de Jack Kirby
Também no Velho Continente, a popularidade dos Smurfs vem sendo explorada
economicamente não apenas por empresas licenciadas - que lançaram no mercado,
entre outros produtos, uma série de estatuetas com preço de US$ 1,500
por item -, mas também por colecionadores que estão tirando do sótão alguns
velhos brinquedos e materiais relacionados aos personagens e comercializando
em vários canais de negociação.

Não é novidade que, principalmente nos Estados Unidos, há pelo menos duas
décadas o comércio de quadrinhos antigos e outros colecionáveis afins
se transformou em ganha-pão para muita gente. O que vem acontecendo nos
últimos meses, porém, é um aumento exacerbado na demanda, graças também
à adesão de pessoas antes alheias a essa prática. É uma bolha que cresce
rápido demais e pode estar prestes a estourar, mesmo porque o fato de
esse mercado permanecer incólume na crise econômica mundial é uma aberração
que a lógica deve tratar de corrigir em pouco tempo.

Enquanto isso não acontece, especialistas estimam que o ano de 2008 fechará
com a espantosa cifra de até 100 milhões de dólares arrecadados em todo
o planeta na área de artes relacionadas a quadrinhos, incluindo nessa
lista gibis, ilustrações originais e demais artigos, segundo projeções
da revista de cultura pop Condé
Nast Portfolio
.

Batman e SupermanNo
mês passado, em meio a toda a turbulência por que passa a economia mundial,
uma pintura estrelada por Super-Homem e Batman bateu recorde de venda
em Hong Kong, na China, anotou o site do canal de finanças Bloomberg.
O quadro mostra os super-heróis usando um sanitário e foi arrematado em
leilão pelo equivalente a 618 mil dólares, a maior transação de uma obra
de arte em toda a Ásia desde que a crise do crédito começou.

Independentemente do quanto tudo isso possa ser efêmero, "os quadrinhos
de super-heróis podem salvar os investidores", como anotou o This is
Money
.

São palavras que, há poucos meses, soariam tão espantosas quanto risíveis
até para os apreciadores da nona arte.

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