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Faleceu Gedeone Malagola, veterano dos quadrinhos nacionais

16 setembro 2008

Gedeone Malagola"Escrevi
e desenhei por gostar e nem tanto por precisar, mas ganhei muito dinheiro
com os quadrinhos, não posso reclamar. (...) No meio de tanta luta, sempre
há os bons e os maus momentos, mas os bons prevalecem. Se tivesse que
recomeçar, faria tudo outra vez, da mesma forma
".

Com esse espírito altivo, a certeza de que seu trabalho valera a pena
e ainda cheio de objetivos profissionais e pessoais no caminho que escolhera
trilhar desde sua tenra idade, o escritor e desenhista Gedeone Malagola
concedeu uma entrevista a Oscar
Kern
para o fanzine Historieta # 5, publicado em 1981.

Eram recordações de tempos mais afortunados para os quadrinhos brasileiros.
Relatos de casos de sucesso que, hoje, parecem sonhos distantes. Época
áurea que agora ficou ainda mais longe, pois Gedeone Malagola, uma dessas
últimas lembranças vivas, partiu deste mundo para se juntar a outros compatriotas
e colegas de profissão que muito fizeram e acabaram esquecidos - ou nunca
conhecidos.

Raio Negro
Malagola era formado em Direito, mas foi com lápis, nanquim e papel na
mão que se sentiu realizado. Os quadrinhos eram paixões que o acompanharam
até os últimos meses de sua vida. Fosse criando HQs
de terror
, infantis e de super-heróis que marcaram época e influenciaram
gerações de artistas do traço; talhando seu nome na rica história dos
quadrinhos nacionais; ou ainda lendo gibis com o mesmo interesse e fervor,
ele sempre dedicou à nona arte uma respeitosa e inspiradora reverência.

Em 1964, concebeu o Raio
Negro
, o primeiro super-herói brasileiro e um dos que mais fizeram
sucesso entre os superpoderosos fantasiados criados no País. Já naquela
década, enveredou pelos quadrinhos de horror, ajudando a consolidar o
gênero de maior popularidade das HQs brasileiras. Esses e outros trabalhos
menos ou mais destacados de seu currículo somam quase duas mil histórias
produzidas.

Lobisomen
Na década atual, Malagola continuou produzindo quadrinhos, embora nos
últimos anos se limitasse a exercitar sua faceta de escritor. Ele vinha
colaborando regularmente com artigos para a revista Mundo dos Super-Heróis
e estava escrevendo dois livros sobre Buck Rogers e Flash Gordon, respectivamente.

Sofrendo
de paralisia
desde que, há alguns anos, acidentara-se em casa, Malagola
tinha um único hobby: ler revistas em quadrinhos.

Passando seus dias deitado em uma cama, ele estava se alimentando por
meio de sondas e apresentava um quadro crítico de debilidade física.

Vitimado por esse estado de saúde combalido - que resultou em três paradas
cardíacas há cerca de um mês -, o veterano roteirista e desenhista faleceu
na tarde do último dia 15 de setembro.

Gedeone Malagola tinha 84 anos.

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