Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
OUÇA
Notícias

Livro da Via Lettera é recolhido das escolas

20 maio 2009

Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no GolO
jornal A Folha de S.Paulo publicou ontem, 19 de maio, uma reportagem
informando que a Secretaria Estadual da Educação de São Paulo distribuiu
a escolas o álbum Dez
na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol
, da editora Via
Lettera
, para ser usado como material de apoio por alunos da terceira
série do ensino fundamental.

No entanto, foi determinado o recolhimento da obra, pelo fato de o livro
ter "termos impróprios e conotação sexual", de acordo com a reportagem,
informando ainda que o governo disse que houve falha na escolha do livro.

A obra seria utilizada no programa Ler e Escrever, no qual os estudantes
podem usar o material na biblioteca, na aula ou levar para casa.

A editora Via Lettera afirmou à reportagem que a obra é voltada
a adultos e adolescentes, e que apenas atenderam ao pedido de compra,
sem saber para qual faixa etária seria destinada.

Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol é uma coletânea de
HQs sobre futebol, com artistas conceituados do meio.

Ainda ontem, após a repercussão do fato inclusive na TV Globo,
a Associação dos Cartunistas do Brasil se manifestou, afirmando
que informações colocadas dessa forma na mídia podem depor contra um trabalho
sério nas escolas de utilização de publicações de quadrinhos como ferramenta
de incentivo à leitura e cultura nacional.

A ACB afirmou ainda que é evidente que houve descuido de quem escolheu
o título para distribuição ao ensino básico, mas que não se pode dizer
que os artistas estão deturpando algo.

"O que se vê é a crucificação de um trabalho sério de artistas e da editora,
muito bem conceituados e que podem, sim, ser distribuídos em universidades
para o estudo do mundo do futebol e sua influência na cultura popular",
declarou José Alberto Lovetro, o Jal, que assina o texto.

"A utilização dos quadrinhos na sala de aula é confirmada por educadores
como fonte importante para agregar valor de conteúdo educacional para
o interesse da criança em várias matérias do currículo escolar. Isso foi
conquistado depois de muita luta contra o preconceito que antes havia
e que caiu por terra ao vermos em cada lar uma criança de cinco anos já
se interessar por leitura quando vê revistas infantis na sua frente",
continua a resposta da ACB.

É triste ver a grande imprensa ainda demonstrar esse preconceito tacanho
sem checar a informação ou ouvir um especialista da área. O erro na escolha
da faixa etária é óbvio, mas fazer sensacionalismo ao insinuar que a publicação
é censurável, como pode ter sido passado ao grande público, é um equívoco
tão grande quanto.

Já são mais de 570 leitores e ouvintes que apoiam o Universo HQ! Entre neste time!
APOIAR AGORA