Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
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Mas ele diz que me ama, boa novidade da Ediouro nas livrarias

5 junho 2006

Mas ele diz que me amaUma
pena que a Ediouro não tenha feito o alarde publicitário que merece
o livro Mas ele diz que ama (formato 15,5 x 23 cm, 264 páginas
em preto-e-branco, R$ 34,90), de Rosalind B. Penfold, um dos grandes lançamentos
de 2006 até agora.

O subtítulo Graphic novel de uma relação violenta não traduz toda a angústia narrada a cada página dessa história em quadrinhos autobiográfica. Em tempo: Rosalind B. Penfold é um pseudônimo, pois a autora preferiu o anonimato para relatar tantas experiências frustrantes.

O livro conta a história de uma mulher de 35 anos, bem-sucedida profissionalmente, que se encanta com Brian, um viúvo, pai de quatro filhos, que ela conhece num piquenique.

Durante um período, os dois viveram um romântico conto de fadas, mas com o tempo o comportamento dele passou a mudar. Vieram as agressões verbais, emocionais e as físicas (inclusive sexuais). Depois, várias traições. Há até uma situação em que a autora sugere que Brian estaria violentando uma de suas filhas.

Mas por muito tempo, como muitas mulheres apaixonadas fazem, Rosalind fingia não ver a verdade, até assumindo a culpa pelo comportamento absurdo de seu marido. Ele a fez se afastar da família, das amigas e do trabalho e assumir a educação de seus filhos. Foi minando pouco a pouco os alicerces de sua vida, anulando-a.

Essa situação dura longos dez anos e, durante a leitura, mesmo para um homem, é impossível não se comover com o sofrimento de Rosalind. Especialmente por saber que há muitas mulheres com histórias semelhantes, mas que não conseguiram dar seu grito de liberdade, sair dessa “escravidão”.

Para ajudar outras mulheres com problemas parecidos, a autora criou até o site Friends of Rosalind, com dicas ilustradas sobre os vários tipos de abuso nas relações conjugais.

Aliás, uma grande sacada do livro está nas páginas finais, em que diversas mulheres (de diferentes partes do mundo) que visitaram o site se dispuseram a autografar como “Rosalind B. Penfold”, por se enxergarem na história da autora.

O desenho da obra é quase simplório, mas ainda assim consegue passar ao leitor cada emoção que a autora tentou transmitir.

No texto na orelha da quarta capa, Rosalind resume o impacto que Mas ele diz que me ama pode causar: “Tenho esperança de que meus desenhos ajudem homens e mulheres a identificar os sinais que indicam abuso. Se abdicarmos de nossa força pessoal em nome do amor, corremos o risco de nos desintegrar aos poucos”.

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