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Morreu o desenhista argentino Carlos Nine

18 julho 2016

O argentino Carlos Nine, desenhista, ilustrador, pintor, escultor e escritor, faleceu aos 72 anos, de pneumonia, no dia 16 de julho, em Olivo, no seu país natal.

Ele não era um autor fácil. Seu trabalho não era um dos preferidos pelo grande público. O universo de seus desenhos era perturbador, o que nunca o impediu de ser considerado um dos grandes nomes da HQ e da ilustração, na Argentina e na Europa.

Nascido em Haedo, na província de Buenos Aires, em 21 de fevereiro de 1944, Carlos Nine queria ser um pintor. Ele estudou na Escola Nacional de Belas Artes de Buenos Aires e suas influências iniciais eram Goya, Velázquez e Bosch, e um dos maiores nomes das HQs argentinas, Alberto Breccia.

A carreira de Nine floresceu na década de 1980 – durante a ditadura, quando passou a fazer numerosas capas para a revista Humor, sempre trabalhando com sátira política. Ele foi desenhista de títulos argentinos como Fierro, em que publicou suas primeiras HQs, em 1988, Co & Co, Noticias e do jornal Clarín.

Carlos Nine

Ainda em seu país, Nine desenhou para as primeiras edições de Crónicas del Ángel Gris e El libro del fantasma, de Alejandro Dolina.

Na década de 1980, começou a ganhar prêmios na Europa, particularmente na Espanha e na Itália, onde colaborava com a revista Il Griffo. Além disso, suas ilustrações infantis chamavam muita atenção na Feira do Livro de Bolonha, na Itália.

Na França, ele estreou com HQs na revista L'Écho des Savanes; depois fez ilustrações para o jornal Le Monde, além de escrever e desenhar seus próprios livros, como Crime e Castigo (Meutres et chatiments), de 1991, e Fantagas, de 1995.

Seu primeiro álbum de HQ, Crónicas de la pampa vasca, saiu na Espanha, em 1990, com roteiro de Juan Sasturain, e foi publicado na França, no ano seguinte pela editora Albin Michel.

O livro El Patito Saubón, conhecido na França como Le canard qui aimait les poules (O pato que amava as galinhas), de 1999, foi vencedor do Prêmio Alph-Art de melhor álbum estrangeiro no Festival Internacional de Quadrinhos de Angoulême, em 2001. Saubón é um obsceno pato marxista, vítima de uma era pós-industrial em completo declínio.

Em 2003, a Dargaud iniciou a publicação da série Pampa, com arte de Nine e com roteiros de seu colega argentino Jorge Zentner. Foram lançados três volumes: Lune de sang (2003), Lune d'argent (2004) e Lune d'eau (2005).

O artista também colaborou com Joann Sfar e Lewis Trondheim, desenhando o oitavo volume de Donjon Monsters.

No início da década de 2000, ele se tornou uma figura paternal para a nova geração de desenhistas franceses, influenciando muitos jovens artistas naquele país.

Nine colaborou como ilustrador da revista Playboy da Argentina, Estados Unidos e da Itália.

Outros de seus livros como escritor e ilustrador são: Keko el mago (1996), Oh merde, les lapins! (2002), Gesta dei (2003), It was a Dark & Silly night (2003), Prints of the west (2004) e Siboney (2008), a sequência de Fantagas.

Ele também desenhou para os livros La edad del pavo (1990), de Elsa Bornemann; Muito barulho por nada (1995), de William Shakespeare; e O Lago dos Cisnes (1999), de Piotr Tchaikovsky.

Em 2012, Carlos Nine recebeu o Prêmio Konex de Platina, como o mais importante ilustrador da década na Argentina.

Seu estilo de desenho e pintura foi categorizado como Neo-Figurativo, um ponto intermediário entre a abstração e a pintura figurativa.

Muitos desenhos de Nine foram publicados em diversos jornais e revistas brasileiros.

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