Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
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Os personagens clássicos envelheceram de vez

19 maio 2008

E
se alguns clássicos personagens de histórias em quadrinhos e desenhos
animados infantis envelhecessem e, atualmente, aparentassem visualmente
sua idade editorial?

O resultado seria o mostrado na imagem ao lado. A ilustração foi apresentada
em um artigo
publicado na edição de maio da revista Spirit Magazine, distribuída
nos vôos da companhia norte-americana de aviação Southwest Airlines.

No texto, o jornalista Winston O'Grady narra sua maratona de 24 horas
assistindo a desenhos animados na TV, a fim de saber o que as crianças
andam vendo nos canais dedicados a elas.

Além de explanar considerações sobre o abismo (com exceções) entre a adequação
de conteúdo das produções antigas e as atuais - que mostram o quanto as
crianças estão sendo bombardeadas por valores contrários aos que aprendem
em casa - o artigo leva o leitor a uma desconcertante verdade: o público
infantil de hoje desconhece ou não gosta das animações clássicas que marcaram
a infância de seus pais e avós.

Isso deve explicar o que, munido de detalhados gráficos publicados por
institutos de pesquisas, O'Grady mostra no texto: a maior fatia de investimento
publicitário para crianças e tweens (faixa etária entre a infantil
e a adolescente) está no canal Nickelodeon, cuja programação abrange
apenas produções contemporâneas.

Nickelodeon
Em segundo lugar na preferência dos anunciantes vem o Cartoon Network,
que exibe atrações novas e antigas. Na penúltima colocação da lista ficou
a Disney, com seus desenhos animados tradicionais.

Ou seja, a força de Super Mouse, Pernalonga, Popeye, Mickey Mouse e de
grande parte de outros personagens que por décadas vinham caindo nas graças
das crianças já não é mais a mesma. A geração 2000 tratou de descartar
essa galeria, sem a menor piedade.

Como a imensa maioria das atrações dos programas infantis na televisão
do Brasil é, por tradição, composta de produções dos Estados Unidos, esses
dados podem ser facilmente aplicados à realidade do País.

Na enquete
que o site UOL Crianças está realizando, essa constatação fica
clara. Para a pergunta "Desenhos animados: Qual deveria virar filme live
action
?", são apresentadas 23 opções. Mas somente sete se referem
a criações com mais de 20 anos de existência - o mais antigo é o cão Snoopy.
Até o fechamento desta nota, Naruto e Cavaleiros do Zodíaco lideravam
a votação.

Pica-Pau
Pelo menos uma exceção pode ser notada no Brasil. Episódios clássicos
de O Pica-Pau têm feito sucesso na TV Record desde 2006,
quando a série entrou na programação da emissora e virou fenômeno de audiência,
embora uma significativa queda nos últimos meses - resultante do desgaste
das reprises - tenha forçado mudanças nos horários e dias de exibição
durante a semana. Mas faltam registros concretos sobre a real maioria
do público do desenho animado, que tem atraído adultos saudosistas ao
mesmo tempo em que está despertando o interesse dos telespectadores mirins.

Rejuvenescido diante das novas gerações, o Pica-Pau teve a chance de mostrar
que as animações antigas ainda garantem uma boa dose de diversão.

Por outro lado, os personagens "fisicamente" envelhecidos que o artigo
de Winston O'Grady usou de forma criativa para mostrar o quanto eles ficaram
ultrapassados podem até parecer divertidos. Mas, para os fãs veteranos,
de tão contundente a imagem passa a impressão de que é assim mesmo como
as crianças os vêem hoje.

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