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676 APARIÇÕES DE KILLOFFER

1 dezembro 2011

676 APARIÇÕES DE KILLOFFER

Editora: Leya / Barba Negra - Edição especial

Autor: Patrice Killoffer (texto e arte).

Preço: R$ 39,30

Número de páginas: 48

Data de lançamento: Janeiro de 2011

Sinopse

Visitando a cidade de Montreal, Killoffer remói preocupado as lembranças da pia cheia de louça suja que deixou em seu apartamento em Paris.

A partir daí, aos poucos, mergulha em um alucinante conflito com as múltiplas aparições de si mesmo que inexplicável e violentamente começam a invadir sua vida.

Positivo/Negativo

Existem diversos recursos de linguagem nas histórias em quadrinhos que ajudam a criar a percepção de tempo. O mais comum é a justaposição dos quadrinhos que apresentam, sequencialmente, momentos de uma ação ou cena.

Outro interessante é quando se desenha um cenário e nele se dispõem vários desenhos de um personagem. No caso de 676 Aparições de Killoffer, a terceira página da história apresenta um painel que poderia ser interpretado justamente dessa maneira: há uma vista superior do apartamento e diversos desenhos do personagem principal.

Pode-se supor que cada desenho apresenta o personagem em um momento de sua rotina diária (comendo, desenhando, assistindo TV, cozinhando). Mas, à medida que a história se desenrola, é fácil ver que essa é uma interpretação equivocada. As diversas aparições, que poderiam significar momentos de tempo, começam, aos poucos, a interagir umas com as outras.

Talvez a intenção do autor Patrice Killoffer seja justamente desconstruir a linguagem e, por consequência, a noção de tempo e de realidade. E talvez de identidade também. Afinal, o próprio autor é o protagonista desse belo delírio gráfico.

Suas páginas dispõem os desenhos em sequências, porém sem os tradicionais quadros e canaletas que embalam e separam os momentos nas HQs. Muitas vezes é difícil distinguir a representação de momentos de tempo da representação das "aparições" de Killoffer. Essa confusão e ambiguidade servem totalmente aos propósitos da história e a enriquecem.

E o grande formato desta edição (25 x 36,5 cm) valoriza o belo desenho e o layout das páginas criadas por Killoffer.

Também há um cuidado com a integração dos textos à página. Escritas com cuidadosa, elaborada e angustiante caligrafia, as palavras espremem-se pelos espaços entre os desenhos. A irregularidade e compressão entre as palavras criam uma desconfortável sensação e dificuldade na leitura. E isso trabalha a favor da história que Killoffer quer contar.

Aliás, talvez "história" não seja o termo correto para descrever este trabalho. Talvez seja mais adequado defini-lo como um delírio, uma reflexão ou uma brincadeira com linguagens. De qualquer modo, vale a pena conferir o confronto de Killoffer com suas seiscentas e tantas aparições.

Classificação:

4,0

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