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ANARRIÊ

1 dezembro 2010

ANARRIÊ

Editora: HQM - Edição especial

Autores: Michel Borges (texto, arte e cores), Camila C. Posar, Marcel Borges e Valter Marques S. Segundo (arte-final) e Viviane Matsukuma e Paulo Henrique Rodrigues Marcondes (cores).

Preço: R$ 29,90

Número de páginas: 104

Data de lançamento: Outubro de 2010

 

Sinopse

Gabriel e Andressa são estudantes do primário que, apesar de frequentarem as aulas na mesma sala, são inimigos declarados.

Assim, o que deveria ser uma tranquila tarde de Festa Junina, se torna uma jornada cheia de aventura quando os dois desencadeiam um acidente mágico, que os coloca numa busca para quebrar a maldição lançada sobre seus pais e todos os presentes no evento.

Positivo/Negativo

Com a presença cada vez maior de quadrinhos em livrarias, algumas pessoas tendem a achar que lombada quadrada, papel de luxo e bom acabamento gráfico são indicativos de obras voltadas exclusivamente para o público adulto. Não é o caso. E Anarriê é prova disso.

Trata-se de uma HQ assumidamente infantil, "embalada" num formato mais caprichado. E, analisando o público que o autor procura atingir, a obra cumpre o seu papel.

O roteiro usa uma fórmula simples, batida até, de dois inimigos que são obrigados a unir forças para derrotar um mal comum. E dessa aliança surge um sentimento "diferente". Mas Michel Borges se diferencia ao incutir no enredo temas ligados ao folclore brasileiro e uma boa carga de humor.

Assim, quando Gabriel e Andressa saem em busca dos cinco muiraquitãs que podem livrar as pessoas do feitiço e passam por quatro estados do Brasil, explicando aspectos regionais de cada um, mais do que a trama ganhar frescor, ela passa a ser candidata potencial à adoção por planos governamentais de apoio à leitura. Bela sacada do autor.

Os personagens passam por Paraná (onde aprendem sobre a gralha-azul), São Paulo (no Pátio do Colégio), Parintins, no Amazonas (onde presenciam o festival do boi, com as agremiações Caprichoso e Garantido) e no Mato Grosso do Sul (na Gruta do Lago Azul, em Bonito). A falha do roteiro está em não identificar o último estado no texto. Há apenas a menção ao ponto turístico, o que deixará os (pequenos) leitores perdidos.

Outros vacilos do roteiro são as duas últimas pedras estarem no mesmo local - dando toda a pinta de o autor terminar a história antes do que previa - e classificar muiraquitãs no feminino o tempo todo, quando trata-se de um substantivo masculino.

O desenho de Michel Borges, em estilo mangá, deixa muito a desejar. Há problemas sérios, especialmente na anatomia e nas exageradas expressões faciais dos personagens, que lembram o mangá Shin-chan. No entanto, a narrativa e a colorização são competentes e atenuam essas deficiências.

Anarriê foi uma das HQs selecionadas pelo ProAC - Programa de Ação Cultural de 2009 e foi realizada com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. A obra passa longe de adjetivos como "imperdível", mas, mesmo com suas limitações, sua leitura flui de maneira agradável, num típico ritmo de aventura juvenil.

Classificação:

4,0

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