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Árvores

30 janeiro 2015

ÁrvoresEditora: Funesc – Edição especial

Autor: Val Fonseca (roteiro e arte).

Preço: R$ 12,00

Número de páginas: 24

Data de lançamento: Novembro de 2014

Sinopse

Coletânea de tiras que explora de forma poética, crítica, antropológica e educativa a existência das árvores no mundo e a degradação do verde promovida pelo homem.

Positivo/Negativo

Quem nunca na sua infância fez o desenho de uma árvore na escola ou como mero passatempo para despertar aptidões artísticas? Além de estar enraizada intrinsecamente nas nossas lembranças de outrora, a flora é o mote deste álbum de debute de Val Fonseca.

Os personagens aparentemente imóveis e sem expressão ganham dinamicidade nas curtas histórias de uma página que evidenciam temas atuais, como a seca, o desmatamento e outros infortúnios causados pela humanidade.

Na maioria das tiras, o autor oferece uma “voz narrativa” às árvores, o que evidencia o lado lírico das pequenas histórias. Esse mecanismo é utilizado habilmente em várias páginas do álbum, como também pode resultar naquele velho discurso de preservação sem muita criatividade.

Árvores pode perfeitamente ser indicada para leitores bem mais jovens. Com um pé na arte-educação, há passagens em que Fonseca é extremamente didático, como ao apontar definições que formam o objeto protagonista da obra ou ao incentivo de reativar a memória afetiva mostrando artes de árvores rabiscadas pela própria família. Um recurso bem interessante.

Em contrapartida, há tiras com um teor mais adulto, a exemplo de um personagem usar a árvore para se suicidar ou utilizar analogias de cupins como um câncer.

No quesito da arte, Val Fonseca utiliza uma gama de estilos e técnicas, oxigenando e casando com a temática de cada tira, geralmente mais voltada ao cartunesco. O uso das cores na diversificação de folhagens também é um atrativo a mais.

O problema maior da obra reside na sua edição. Contemplada pelo edital do Prêmio Literário Augusto dos Anjos, das Edições Funesc, Árvores tem uma série de problemas editoriais latentes.

Apesar das poucas páginas, a obra possui erros primários do uso da língua portuguesa, mesmo tendo nos seus créditos um revisor.

O formato 14 x 21 cm não ajuda em algumas tiras, o que reduz alguns tipos de letras, dificultando a leitura.

Mesmo com uma impressão razoável em offset, o layout em geral se mostra tão atrativo quanto o mais “quadrado” livro paradidático. Os extras espremidos em um único local foram repetidos na página seguinte, obrigando a edição a ter uma folha avulsa de errata com a derradeira tira do álbum.

O que se salva nessa “queimada” editorial é a gramatura da capa cartonada com orelhas.

Uma curiosidade: no prefácio politizado e genérico da edição, os quadrinhos são conceituados como gênero literário. Uma questão que oferece muitas discussões, sejam acadêmicas ou nas rodas de conversas dos leitores.

Classificação

2,0

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