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/b HELLBLAZER # 1

1 dezembro 2001

Hellblazer #1

Título:HELLBLAZER # 1 (Brainstore Editora) - Revista mensal

Autores: Garth Ennis (roteiro) e John Higgins (desenhos).

Preço: R$ 6,90

Data de lançamento: Outubro de 2002

Sinopse: Filho do Homem - Parte 1 de 5 - John Constantine recebe a inesperada visita de seu amigo Chas que, pra variar, está encrencado.

Inadvertidamente, o pobre Chas acabou se tornando cúmplice de uma tentativa de assassinato de um grande chefão londrino.

Ao saber quem é o chefão, Constantine entra em pânico e seu primeiro impulso é mandar Chas sumir. Depois de pensar melhor, no entanto, decide não deixar o amigo sozinho naquela encrenca, mesmo que isso signifique ter que encarar mais um terrível podre de seu passado.

Positivo/Negativo: Demorou, mas finalmente o velho e bom John Constantine voltou a ter um título mensal no Brasil. Na verdade, é de se estranhar a Brainstore ter hesitado tanto em trazer de volta um dos personagens mais queridos da Vertigo, preferindo publicar séries fechadas com o personagem, como Love Street, Noções Perversas e A Brigada dos Encapotados.

A nova série mantém o padrão de qualidade habitual dos títulos Vertigo da editora, bem como seu preço pra lá de salgado. É de se pensar se não seria melhor deixar de lado rococós, como capas envernizadas e papel especial, em prol de valores mais acessíveis, tentando reverter um pouco a elitização que os quadrinhos têm sofrido nos últimos anos.

Afinal, a grande maioria dos leitores brasileiros não pode se dar ao luxo de desembolsar R$ 6,90 todo mês por revistas com meras 24 páginas, não importando a qualidade das mesmas. Se, ao menos, o título trouxesse duas histórias do Constantine por edição, como nos tempos da Tudo em Quadrinhos… Mas parece que isso é pedir demais.
Deixando a questão dos custos de lado, a edição da Brainstore não apresenta nenhuma falha digna de nota (exceto por algumas redundâncias incômodas no texto da última página: "…todos reunidos novamente pela primeira vez…"; "…um ponto de partida que se inicia com…").

A se lamentar o fato de a editora ter optado por complicar ainda mais a cronologia do personagem. Ao invés de publicar um dos inúmeros arcos que foram pulados pelas suas antecessoras, preferiu dar um salto ainda maior e iniciou a série mensal na edição 129 americana.

Assim, toda a fase escrita por Paul Jenkins (o escritor que sucedeu Garth Ennis como roteirista fixo da série) continua inédita no Brasil, bem como as últimas histórias de Jamie Delano e, até mesmo, alguns arcos de Ennis que a Abril Jovem deixou de lado na época do almanaque Vertigo.

É compreensível que a Brainstore tenha considerado uma boa estratégia iniciar a série com o retorno de Garth Ennis ao título. Afinal, o escritor irlandês é sensacional, e está mais do que na moda ultimamente, mas os fãs fiéis do velho John não podem deixar de se perguntar quando (e se) terão chance de ler as histórias que faltam. Se há uma coisa que leitor de quadrinhos no Brasil não pode deixar de ter é paciência!

Quanto à história, trata-se de uma intrigante introdução para o arco Filho do Homem. Não há muitas surpresas. Ennis continua fazendo o que sabe fazer melhor. Quem gosta do estilo feio, sujo e malvado do escritor não terá do que reclamar. Já quem não curte, é melhor deixar de lado, pois provavelmente não encontrará nada que o faça mudar de opinião.

Como sempre, o forte de Ennis é seu delicioso senso de humor doentio. Muito divertida a idéia de fazer Constantine dialogar diretamente com o leitor, substituindo, de maneira bastante criativa, a habitual narração em off. O discurso azedo das páginas 1 a 3 é divertidíssimo, digno de figurar numa antologia do tipo "O Melhor do Mau Humor".

Os desenhos de Higgins acompanham de perto o estilo durão do roteiro, até com certo exagero. Em alguns quadros, Constantine é retratado com feições muito brutas e um corpo exageradamente musculoso, coisa que não parece combinar muito com um beberrão folgado, que fuma três maços de Silc Cut por dia.

Na somatória, uma boa edição. Já serviu para matar as saudades do mago canalha. O que vier agora é lucro.

Classificação:

4,0

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