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/b SUPERMAN - O ÚLTIMO FILHO DA TERRA # 2

1 dezembro 2001

Superman: O Último Filho da Terra #2Título:SUPERMAN - O ÚLTIMO FILHO DA TERRA # 2 (Mythos Editora) - Minissérie em duas partes

Autores: S. Gerber (roteiro), D. Wheatley (arte) e C. Chucry (cores).

Preço: R$ 5,90

Data de lançamento: Fevereiro de 2003

Sinopse: Em mais uma aventura alternativa da série Túnel do Tempo, a jornada de autoconhecimento leva Kal-El, um novo Lanterna Verde, até o planeta que já foi chamado de Terra.

Positivo/Negativo: Daqui a algumas décadas, quando a atual crise de criatividade das grandes editoras de HQs, que atinge não toda, mas grande parte desta produção, for objeto de estudo de futuros pensadores da cultura pop, esta edição da DC Comics merecerá destaque.

É fato notório que o Super-Homem, surgido na década de 1930, foi o primeiro super-herói dos quadrinhos e, talvez por isso mesmo, seja a maior vitima dos novos tempos das HQs.

É difícil encontrar, no mundo dos super-heróis, um personagem mais antiquado (nota do UHQ: esta opinião não é compartilhada por toda a equipe do Universo HQ). Este verdadeiro "dinossauro" arrasta-se em meio a um ecossistema completamente adverso às suas características mais básicas e primárias.

O primeiro e mais evidente problema deste personagem-símbolo da DC é sua onipotência: ele voa, resiste a quase tudo, não fica doente, não sofre de nenhum tipo de angustia, não envelhece...

Pior ainda é o seu caráter irrepreensível. Clark Kent/Super-Homem é um amálgama de virtudes que, pela sua plenitude, beira o ridículo, o que o torna anacrônico. A própria ausência de limites, ou seja, de relevantes características humanas, tornou a criação pouco afeita a conflitos melhor desenvolvidos, para aventuras mais interessantes e menos previsíveis.

Desde a Odisséia, de Homero, Ulisses (ou Odisseus), o príncipe da ilha de Ítaca, encanta gerações há séculos por ser o paradigma do herói de atos e ações de dimensões humanas.

Isso quer dizer que o guerreiro de Homero é, muitas vezes, passional, incoerente e moralmente condenável, mas, sem dúvida, é o herói que primeiro apela ao intelecto, ardiloso e, sempre, um sobrevivente. Esta criação sobrevive, nos dias de hoje, em personagens tão díspares como Batman, Indiana Jones, Wolverine, Arqueiro Verde e Justiceiro.

Esta segunda parte de O Último Filho da Terra, dá continuidade aos piores erros da primeira parte e, ainda por cima, torna o Super-Homem um personagem ainda mais previsível e sem graça.

As soluções mágicas, sem a menor inventividade, tornam-se patéticas com a adição dos poderes do anel do Lanterna Verde. Kal-El tem nos dedos uma espécie de "lâmpada de Aladim", que torna real os seus pensamentos. Com tudo tão fácil assim, onde está o desafio, o conflito e, conseqüentemente, a aventura?

A Terra pós-apocalipse que o Super encontra é, para nosso tédio, mais uma vez um planeta em ruínas. A natureza dá seus últimos suspiros. Entre os homens prevalece a situação de conflito contínuo, dada a ausência de um poder forte e centralizador. Eis uma trama que trabalha de maneira superficial as idéias de Thomas Hobbes.

Mais há mais para rir. Numa patética referência ao romance 1984, de George Orwell, Lex Luthor é o tirânico Grande Irmão de uma facção intolerante que pretende dominar o que ainda resta da espécie humana.

Adivinhe qual será a reação do nosso herói! Será que ele se alia aos "fracos e oprimidos"? Quanto à nova Lois Lane, basta dizer que a moça veste couro negro e anda de moto. A primeira aparição da personagem se dá por uma pose no melhor estilo "Vênus de borracharia". Este é o ponto alto da aventura.

Já o velho e bom Krypto, o cachorro de capa vermelha, não teve a mesma sorte e foi transformado em um robô chatinho e sem graça.

Para completar o desastre, Kal-El faz, nas últimas páginas, uma "emocionante" descoberta sobre sua origem. O epílogo, que se passa no igualmente decadente planeta Krypton, fecha com uma "linda mensagem de paz e esperança".

Resumo da ópera: constrangedor!

Classificação:

4,0

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