Esta edição de Batman apresenta alguns aspectos interessantes pra pensar o mercado de quadrinhos de super-heróis.

A história que encerra a revista, da Carpinteira, embora seja interessante, não é importante para acontecimentos passados ou futuros dos personagens. Ela funciona como uma trama que se lê, entretém e que não guarda desdobramentos na cronologia do Universo DC.

O que não é vantagem ou problema, mas simplesmente é. Era como funcionava boa parte das revistas antes do surto das grandes editoras em promoverem seguidos, ininterruptos e, porque não, insuportáveis crossovers. As histórias se ligam de tal maneira que se faz necessário acompanhar diversos títulos simultaneamente para entender a trama.

E não poucas vezes, algumas situações ficam muito mal-entendidas. E um dos melhores exemplos é o Batman morto por duas vezes por Grant Morrison. A primeira das mortes foi em uma explosão no final de Descanse em paz.

A suposta morte de Batman encaminhou para a Batalha pelo manto, que desemboca na dupla dinâmica composta por Dick Grayson e Damian Wayne.

Mas a verdadeira morte de Bruce Wayne foi em Crise final, em um duelo com Darkseid, quando o herói foi atingido com a sanção ômega e se perdeu no tempo. A consequência disso é a minissérie O retorno de Bruce Wayne, publicada no Brasil em A sombra do Batman.

Pois bem, os leitores ficaram confusos com a morte, ressurreição e nova morte do Morcego. Aí, Morrison escreveu edições que mostravam a ligação entre os eventos, publicados no Brasil em Batman # 85. E, mais de um ano depois, a DC lançou outro remendo, que explicava um pouco mais o que aconteceu antes.

A menos que Morrison esteja tentando uma fragmentação narrativa, parece que se está tentando explicar o que ficou mal explicado. A hipótese de uma narrativa "quebrada" não parece convincente, pois já se passou muito tempo entre as séries de Batman e isso não é muito útil à trama.

Parece mesmo ser uma série de replanejamentos editoriais que interferiram na parte criativa das séries, causando uma grande confusão. Mas, ainda assim, a história é boa e traz esclarecimentos sobre o que aconteceu com Bruce Wayne.

Fica muito claro que quem morre continuamente não são os super-heróis, mas a vontade do leitor em acompanhar tanta confusão, que entrega, no fim das contas, muito pouco.