Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
OUÇA
Reviews

BATMAN E FILHO

1 dezembro 2012

BATMAN E FILHO

Editora: Panini Comics - Edição especial

Autores: Grant Morrison (roteiro), Andy Kubert e John Van Fleet (desenhos), Jesse Delperdang (arte-final), Guy Major e Dave Stewart (cores) - Originalmente publicado em Batman # 655 a # 658 e # 663 a # 666.

Preço: R$ 55,00

Número de páginas: 200

Data de lançamento: Fevereiro de 2012

 

Sinopse

Bruce Wayne dedicou toda a sua existência à guerra contra o crime em Gotham City, sob o manto do Batman. Ele alcançou o ápice da forma humana física e mental, enfrentando sempre os mais impiedosos inimigos.

Mas, agora, Batman precisa encarar um desafio diferente: a chegada de seu filho Damien!

Positivo/Negativo

No auge do sucesso de sua temporada à frente da Liga da Justiça, na década de 1990, o roteirista Grant Morrison afirmou o desejo de reformular plenamente os personagens Batman e Superman. Hoje, os sonhos do autor já estão realizados, e quem mais ganhou com isso foram os fãs dos bons quadrinhos.

Morrison assumiu o argumento das aventuras do Cavaleiro das Trevas em 2006, quando a DC Comics lançou uma nova direção para seu universo, em decorrência do evento Crise Infinita e, logo de cara, virou o mundo do detetive de pernas pro ar.

A maior novidade dessa fase foi a introdução do filho de Bruce Wayne com Tália Al'Ghul, o infernal Damien, retomando conceitos perdidos da graphic novel O filho do demônio. O rebento do Homem-Morcego foi um acréscimo único à cronologia oficial do vigilante, mas os avanços do escocês não se prenderam a ele.

Em suas histórias, Morrison apresentou experimentos de forma e linguagem, resgatou elementos antes considerados ridículos da mitologia do Morcego, fez o herói "descansar em paz" e lançou até uma corporação em seu nome.

O álbum de capa dura Batman e Filho traz os arcos de histórias iniciais da aclamada revitalização do título, numa das jornadas mais imprevisíveis dos gibis de super-heróis.

Grant Morrison tem o mérito de sempre buscar fazer diferente e ditar novas tendências quando assume uma série mensal. Na época da Patrulha do Destino, enveredou por esquisitices variadas para a equipe, quebrando os paradigmas da era Claremont e Byrne nos X-Men.

Tempos depois, em JLA, o autor deu uma guinada no gênero por meio de tramas grandiosas e imaginativas, num cenário maior que a vida. E, finalmente, nas páginas de Batman, rompeu com a tradição do violento durão e amargurado, carregando suas páginas com teor aventuresco, bom humor e muita energia.

A história de abertura já atesta a mudança de ares para o justiceiro de Gotham, com um suposto Batman acertando um tiro na cabeça do Coringa. Depois, mostra o ataque de um exército de morcegos-humanos ninjas a uma exposição de quadrinhos estilo arte pop - com o recurso do cenário dialogando com a ação -, e a revelação do menino Damien, surpreendendo o Cruzado de Capa.

E Damien é um garoto insuportavelmente mimado, treinado pela Liga dos Assassinos e dotado de tendências homicidas. Em meio a tudo, lances como a afirmação do mordomo Alfred de que Bruce estaria emitindo rugidos a toda a hora, e a surpresa do filho de Batman ao conhecer o foguete do pai.

Mais uma preciosidade contida no encadernado é a história em prosa publicada originalmente em Batman # 663, centrada no insano Coringa. Numa época de quadrinhos mais rasos e diretos, Morrison presenteou o público com uma narrativa densa e cheia de subtextos, para ser lida e analisada com calma, sempre revelando novas facetas.

O Palhaço do Crime estava mesmo precisando de mais uma história marcante em seu cânone, e essa peça inusitada de loucura não decepciona. Já na edição "demoníaca" de número 666, o autor imagina um futuro próximo em que Bruce Wayne está morto e Damien veste o manto do Morcego, numa abordagem distinta e original.

O ilustrador Andy Kubert, responsável pela boa arte das histórias, investe em diagramações diferencias e poses heroicas, com muito vigor. Foi uma escolha acertada para a série, resultando numa combinação impecável de texto e arte.

O Batman de Grant Morrison evoluiu para duas novas revistas mensais nos Estados Unidos, personagens diferentes e mudanças imprevistas no status do ícone.

Damien Wayne assumiu a identidade de Robin tempos depois de sua estreia, e, hoje, é uma das personalidades mais interessantes do mundo dos quadrinhos mainstream. Assim, pode-se dizer que o garoto evoluiu notavelmente de "pestinha" para herói de valor, e essa sensação de amadurecimento foi acompanhada em todos os elementos do universo de Batman.

Vale dizer que, na mesma época, a DC apresentou Christopher Kent, o filho adotivo do Superman, e uma nova família para o Flash, mas foi Damien quem realmente se firmou no imaginário do público.

A publicação de Batman e Filho em edição de luxo no Brasil, poucos anos depois de sair em série regular, é uma clara demonstração de respeito aos fãs por parte da Panini, que vem investindo pesado numa linha de álbuns para livrarias.

A possibilidade de escolha é imprescindível num mercado saudável, e os tradicionais super-heróis não poderiam ficar de fora. Para os apreciadores fiéis do Morcego, é uma aposta certa conhecer as aventuras assinadas por Morrison e guardá-las com carinho na coleção.

 

Classificação:

4,0

Leia também
Já são mais de 570 leitores e ouvintes que apoiam o Universo HQ! Entre neste time!
APOIAR AGORA