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CASA-GRANDE & SENZALA

1 dezembro 2001

Casa Grande & SenzalaTítulo: CASA-GRANDE & SENZALA (Abegraph e Editora Letras & Expressões) - Edição Especial (formato álbum)

Autores: Gilberto Freyre (texto original), Estevão Pinto (adaptação para as HQs) e Ivan Wasth Rodrigues (desenhos)

Preço: R$ 48,00 (capa dura) e 15,00 (capa cartonada)

Data de lançamento: Segundo semestre de 2000

Sinopse: Em 1981, a Ebal - Editora Brasil América lançou uma das maiores obras da literatura brasileira, Casa-Grande & Senzala, do sociólogo Gilberto Freyre (falecido em 1987), em forma de história em quadrinhos. A adaptação do roteiro ficou por conta de Estevão Pinto (também já morto) e os desenhos foram assinados por Ivan Wasth Rodrigues.

Na época, o livro, todo em preto e branco, foi um sucesso editorial. No entanto, o projeto de fazer de Casa-Grande & Senzala o primeiro de uma coleção sobre clássicos brasileiros de Ciências Sociais, para popularizar estas obras entre os jovens, não teve andamento, por causa da morte de Adolfo Aizen (o dono da Ebal) e das várias crises econômicas brasileiras.

No ano passado, em comemoração ao centenário do nascimento de Gilberto Freyre, a Abegraph e a Editora Letras & Expressões decidiram relançar o livro, numa versão colorizada (trabalho realizado pelo designer Noguchi, sob a supervisão de Ivan Wasth Rodrigues) e em duas versões: com capa dura ou cartonada.

A obra faz um apanhado de fatos e costumes dos povos que formaram a nação brasileira, desde o início da colonização do Brasil pelos portugueses, em 1532, até a época da escravidão dos negros.

Os hábitos alimentares, trabalhos artesanais, técnicas de caça e pescaria dos índios; a catequização dos nativos; as mudanças arquitetônicas e de moda ocasionadas pela chegada de imigrantes de vários povos; a chegada dos negros africanos e como seus costumes, comidas, crenças e vocabulário foram enraizados em nossa cultura; o surgimento de lendas como do Saci-Pererê, Mula-sem-cabeça, Caipora e Boitatá; as "relações proibidas" entre padres e escravas, que geraram filhos ou netos ilustres, como Tobias Barreto, Machado de Assis, Nilo Peçanha e Barão de Cotegipe; os termos adicionados ao nosso idioma, graças à mistura de raças; tudo isso está contemplado no álbum. E de uma forma didática!

Positivo/Negativo: Evidentemente, por se tratar de uma adaptação, a versão em quadrinhos é "resumida" da obra original, mas na época em que foi realizada o próprio Gilberto Freyre avalizou o bom trabalho de Estevão Pinto.

Os desenhos de Casa-Grande & Senzala merecem todos os elogios possíveis. Durante cinco meses, Ivan Wasth Rodrigues pesquisou muito para conceber a imagem que o álbum deveria ter e seguiu a linha de Jean-Baptiste Debret (um dos artistas que retrataram os primeiros séculos do Brasil) e dos italianos Giorgio Tabet e Fortunino Mantania, que ilustraram muitos livros de história da Grécia e de Roma.

Após a pesquisa, o desenhista levou mais três meses fazendo um esboço em aquarela e só a partir daí começou o desenho em preto-e-branco. O resultado ficou soberbo! A retratação da arquitetura, dos cenários, roupas, objetos típicos das várias épocas abordadas, animais e das pessoas é impecável.

Quando pediu autorização a Gilberto Freyre para adaptar sua obra para os quadrinhos, Adolfo Aizen o fez, porque o sociólogo já havia manifestado em suas crônicas a sua simpatia pelas HQs, como meio de levar às crianças - e também aos adultos - obras literárias muitas vezes inacessíveis, por questões financeiras ou de interesse.

Casa-Grande & Senzala é absolutamente indispensável para os leitores interessados em conhecer - e entender - a história da formação da sociedade brasileira, calcada na miscigenação das raças indígena, branca e negra; e como cada uma delas influenciou nossa cultura. Esta versão é uma grande oportunidade para se conhecer um pouco do famoso livro homônimo, que foi publicado em 1933.

Classificação:

4,0

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