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CASTRO

1 dezembro 2011

CASTRO

Editora: 8Inverso - Edição especial

Autor: Reinhard Kleist (texto e arte).

Preço: R$ 51,00

Número de páginas: 288

Data de lançamento: Março de 2011

 

Sinopse

Uma biografia em quadrinhos do líder cubano Fidel Castro, desde a revolução de 1958 até seu afastamento do poder, em 2008.

A obra é narrada por um jornalista que, em Cuba, no ano de 1958, pesquisa a vida do então líder rebelde até ver-se totalmente envolvido na revolução.

Positivo/Negativo

Resenhar este álbum exige, antes de tudo, distanciamento político. Afinal, independentemente dos que adoram ou odeiam Fidel Castro, é inegável que ele é, sim, um grande personagem da História do mundo, como bem exemplifica o jornalista alemão Volker Skierka, biógrafo do ex-líder cubano, em seu prefácio.

E, como história em quadrinhos, Castro é uma leitura interessante. Isso porque Kleist (autor do ótimo Johnny Cash - Uma biografia) soube como conduzir a obra.

Primeiro, passou um mês em Cuba, em 2008, para retratar com fidelidade os cenários e pesquisar mais sobre a vida do governante. Mas, especialmente, porque acerta ao colocar na trama o fotógrafo (fictício) alemão Karl Mertens como narrador da vida de Fidel Castro. Com isso, além de dar mais humanidade à história, evita cair numa narrativa panfletária.

O roteiro mostra desde a época em que Fidel era um líder revolucionário (contra o governo de Carlos Prio Socarrás) até o seu afastamento do poder - com direito, inclusive, à sua aparição, já adoentado, trajando um uniforme da Adidas. Claro que as 288 páginas não são suficientes para retratar com riqueza de detalhes os 50 anos de Castro no poder - há, inclusive, alguns saltos temporais que incomodam -, mas é um belo apanhado da sua trajetória.

E o interessante é que o narrador da história não prima pela imparcialidade jornalística. E nem quer. Ele se tornou um adepto da causa de Fidel, passou a viver em Cuba e casou-se com uma revolucionária. Ao mesmo tempo, vão sendo mostradas, em diversas fases, ex-aliados de Fidel que se decepcionam com os rumos de seu governo e passam a ser perseguidos por isso. A própria esposa de Mertens foge da ilha rumo a Miami.

Esse contraponto é o ponto alto do roteiro de Kleist, pois deixa ao leitor a missão de decidir a que lado se afeiçoar.

A arte em preto e branco, muito expressiva, garante o interesse visual pela obra. Não há excesso de texto nas páginas, a narrativa é competente e a diagramação, apesar de não ter grandes arroubos criativos, alterna constantemente.

Graficamente, o álbum é caprichado, mas seu calcanhar de Aquiles está no cuidado editorial. Ou na falta de. Há mais de 30 erros de português, mancadas que vão de acentuação e pontuação a erros de concordância, que um mero corretor ortográfico apanharia.

São coisas como "fossêmos" (p. 24), independencia (p. 32), amanha (p. 43), gangsteres (p. 58), "tramite internacional" (p. 74), "nos nossos coração" (p. 235) etc. Há ainda várias frases em que o "tem", no plural, é grafado sem o acento circunflexo; e uma (p. 44), no singular, em que o circunflexo é usado erradamente. O sobrenome Socorrás aparece escrito com e sem acento agudo. E há trechos em que, por problemas nas letras, alguns caracteres sumiram, como "s o" ("são, p. 162) e "realiza o" ("realização", p. 242).

Enfim, Castro merecia uma revisão muito mais apurada, que estivesse à altura do bom trabalho realizado por Reinhard Kleist no texto e na arte.

Classificação:

4,0

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