MATERIAL IMPORTADO

 

Editora: Andrews McMeel - Edição especial

Autor: Bill Watterson (texto e arte).

Preço: US$ 150

Número de páginas: 1440 em três volumes

Data de lançamento: Outubro de 2005

Sinopse

Calvin é um garoto de seis anos de idade que vive no limite entre a fantasia e o mundo real. Seu melhor amigo é um tigre imaginário, Hobbes (no Brasil, Haroldo), companheiro das travessuras que apronta sozinho.

Para desespero de seus pais, Calvin, como qualquer criança, faz cara feia para abobrinha e acaba com o humor da babá. E vai além: é capaz de preparar cenas de massacre com bonecos de neve.

Nesta caixa, todas as tiras, páginas dominicais e HQs de Calvin estão compiladas.

Positivo/Negativo

A coleção completa de Calvin e Haroldo é impressionante. A começar pelo tratamento gráfico - uma caixa de papelão com acabamento em tecido e duas gravuras, uma de cada lado. Dentro, com o mesmo luxo, estão três volumes, cada um próximo das 500 páginas. Tudo como manda o figurino: capa dura, costura impecável, papel de alta gramatura e impressão irretocável. E num formato grande, de 31,5 x 28,7 x 13,2 centímetros.

The Complete Calvin & Hobbes pesa pouco mais de dez quilos.

A forma é um primor e o conteúdo faz por merecê-la. Nem é preciso dizer que a criação de Bill Watterson é uma das melhores tiras de todos os tempos. Fica lado a lado com clássicos como Pogo, Peanuts, Little Nemo in Slumberland, Mafalda e, mais recentemente, Macanudo.

De todas elas, é a mais engraçada - ou, pelo menos, a que tem o humor mais explícito. Em vez de provocar a risada interior, Calvin pede que seu leitor gargalhe. Nem que para isso tenha que puxar o tapete com seus comentários absurdos e sua imaginação doentia.

O moleque, no fim das contas, apela pro humor negro - que fica ainda mais evidente quando vem de um garoto de seis anos de um subúrbio tranqüilo dos Estados Unidos.

Quando resolve ser reflexiva, porém, a tirinha é devastadora. Algumas delas são capazes de arrasar o dia do leitor - como, por exemplo, aquela em que Calvin diz a Haroldo, diante de um tronco de árvore cortado, que tem certeza de que a prova definitiva de que há vida inteligente no universo é que os ETs não vieram nos encontrar.

Ao contrário de outras tiras, Calvin evoluiu muito pouco do começo ao fim. Chegaram novos personagens, algumas idéias surgiram, outros motes foram renovados, mas, desde as primeiras tirinhas, quase nada mudou.

A maior diferença entre os anos iniciais e os finais são as páginas dominicais. Originalmente, a tira seguia o modelo-padrão de requadros pré-desenhados em um formato que permitia aos jornais desmanchar e reeditar livremente a história.

Com o passar do tempo e a popularização de seu personagem, Watterson adquiriu poder de barganha e, a partir daí, exigiu que as páginas dominicais de suas criaturas fossem retangulares e sem espaços pré-definidos. Nessa fase, há um boom de HQs melhores, mais dinâmicas e inovadoras no formato.

Ler - e reler - Calvin & Hobbes desde o começo, em ordem cronológica, é uma delícia. Ainda mais que o volume compila também o material extra publicado nos álbuns, como duas HQs e uma série de poemas.

A única coisa que ficou de fora foram os comentários que Watterson fez das tirinhas no volume Os 10 Anos de Calvin & Haroldo.

Em compensação, há um extenso artigo escrito por Watterson no começo do primeiro tomo. Nele, o autor conta os bastidores da série - desde os anos em que não desistiu de ser cartunista até a fase de sucesso e a decisão de pôr um ponto final no trabalho, em 1995.

Ilustram a seção rascunhos, tirinhas inéditas com versões iniciais do personagem e até fotos do gato Sprite, que inspirou as expressões do garoto.

Com a reedição da série recentemente iniciada pela Conrad (e muito bem-sucedida no belíssimo primeiro álbum), é provável que ainda demore para o Brasil ter uma versão nacional de The Complete Calvin & Hobbes. Mas, pelo sucesso que o volume tem feito, quem sabe não surjam novidades daqui a pouco.

Classificação