Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
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CONTAGEM REGRESSIVA # 1

1 dezembro 2008


Autores: Olhe para os céus - Paul Dini (texto), Jesus Saiz (desenhos), Jimmy Palmiotti (arte-final) e Tom Chu (cores);

A última gargalhada - Paul Dini, Jimmy Palmiotti, Justin Gray (texto), J. Calafiore (desenhos), Mark McKenna (arte-final) e Tom Chu (cores);

Esticando a verdade - Paul Dini, Tony Bedard (texto), Carlos Magno (desenhos), Jay Leisten (arte-final) e Rod Reis (cores);

A morte vem do alto - Paul Dini, Adam Beechen (texto), David Lopez (desenhos), Don Hillsman, Alvaro Lopez (arte-final) e Tom Chu (cores);

História do multiverso - Dan Jurgens (texto e desenhos), Norm Rapmund (arte-final) e David Baron (cores).

Preço: R$ 6,90

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Julho de 2008

Sinopse: A existência de 52 universos paralelos está perturbando a realidade.

Em Apokolips, Darkseid pressente uma oportunidade e começa a mexer seus peões.

Na Terra, Duela, a auto-intitulada filha do Coringa, é assassinada por um Monitor renegado diante de Jason Todd. Ao investigar sua morte, Jimmy Olsen é levado ao Asilo Arkham, onde encontra o próprio Coringa - e descobre que seu corpo se tornou elástico.

Já o assassino é questionado pelos Monitores.

Em Gotham City, Mary Marvel está sem poderes, tentando, em vão, encontrar o Capitão Marvel. Mas acaba topando com um antigo adversário.

Na batcaverna, Batman testa o legionário Karatê Kid.

Em Keystone, a Galeria de Vilões de Flash está reunida mais uma vez.

Na História do multiverso, os Monitores revêem o primeiro encontro entre os Flashes e as aventuras em conjunto entre a Liga da Justiça e a Sociedade da Justiça.

Positivo/Negativo: A minissérie Contagem Regressiva chega
ao Brasil com um grande desafio: superar a pecha que seu desastroso desempenho
teve no mercado norte-americano.

Longe de ser qualquer bobagem, a série foi considerada como o motivo central da derrocada das vendas da DC Comics no último ano. Por tabela, afetou o grande evento de comemoração dos 70 anos da casa, Final Crisis. O caos atingiu até mesmo a empresa em si, com uma onda de demissões e afastamentos.

Apesar de ser conduzida por Paul Dini, um autor bastante elogiado até então, Contagem Regressiva foi detonada pela crítica e rechaçada pelo público.

Logo de cara, não faltam motivos para se olhar a série com desconfiança. Num mercado que vive (ou ao menos tenta sobreviver) de idéias, a série não passa de um grande pastiche de outra HQ, a bem-sucedida 52, recauchutando alguns conceitos que antecederam Crise Infinita.

Como 52, Contagem Regressiva surgiu como uma série semanal (no Brasil, compilada em uma revista mensal), produzida por um pool de quadrinhistas e utilizando um generoso punhado de heróis, todos aglomerados em núcleo - num esquema parecido com o das telenovelas.

Até mesmo seu nome é um repeteco: a Crise Infinita já havia ganhado sua edição Contagem Regressiva (no original, Countdown) - o especial que mostrou a morte do super-herói Besouro Azul. Além disso, outras minisséries levaram o selo Contagem Regressiva - no Brasil, reunidas em uma revista chamada justamente Contagem Regressiva para a Crise Infinita.

O resultado é que, mesmo antes de começar a ler a história, surge no ar uma grande sensação de déjà vu.

De qualquer maneira, a própria trama não ajuda muito. Calcada no ressurgimento do Multiverso e em conceitos abordados nos quadrinhos da DC no último ano, há poucas surpresas - ainda mais quando se leva em consideração que é um número de estréia de uma trama com previsão para durar um ano inteiro.

Na verdade, a HQ é, ao menos nesta primeira edição, sem sal. Mas ainda está longe de ser um poço de problemas.

De qualquer maneira, alguns momentos chegam a decepcionar já neste início. No momento em que o Coringa está no auge por conta do novo longa-metragem de Batman, a interpretação de Dini para o vilão é esquemática, quase boba. O contraste é devastador para a HQ.

Por enquanto, o núcleo mais interessante parece ser o de Mary Marvel e Adão Negro: aparentemente, ambos estão sem poderes, e a polaridade de personalidades tende a render.

Mas o maior problema de Contagem Regressiva não está nas picuinhas, e sim na inconsistência do próprio Universo DC. Sem regras, sem uma cronologia definida, reina um clima de que tudo é permitido - afinal, o conceito central é de que o Multiverso virou uma zona e precisa ser consertado.

Assim, há desculpas para todo o tipo de inconsistência. Elas já estão surgindo: na página 30, Jimmy Olsen narra que Jason Todd voltou da morte há um ano - mesmo que o tempo corra mais lentamente no Universo DC, a sensação que se tem é de que já passou mais tempo - principalmente por conta da minissérie 52, que durou 13 meses.

E eis que surge o velho problema: em um mundo no qual tudo é permitido, fica difícil de construir uma história.

Dado o cenário, e com um começo fraco como esse, é difícil imaginar que Paul Dini conseguirá surpreender os brasileiros e revelar que, afinal de contas, Contagem Regressiva não é tão condenável quanto o mercado norte-americano deu a entender.

Classificação:

4,0

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