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CORINGA

2 agosto 2009


Autores: Brian Azzarello (texto), Lee Bermejo (desenhos e arte-final), Mick Gray (arte-final), Patricia Mulvihill (cores), Fabiano Denardin e Rodrigo Barros (tradução). HQ publicada originalmente no álbum Joker, de 2008.

Preço: R$ 24,90

Número de páginas: 128

Data de lançamento: Março de 2009

Sinopse: O Coringa, enfim, vai sair da prisão. Do lado de fora dos muros, seu império ruiu - não tem mais dinheiro e seu território foi tomado por velhos aliados.

Quem vai buscá-lo é Johnny Frost, um bandido mixuruca - mas por quem o palhaço do crime acaba se afeiçoando.

Lado a lado com seu chefão, Johnny vai chafurdar pelo submundo de Gotham para vê-lo se reerguer.

Positivo/Negativo: Nenhum vilão estrelou tantas edições especiais quanto o Coringa. Da mesma forma, nenhum se destacou em tantas HQs de primeira grandeza - A piada mortal, Mad Love, Asilo Arkham e O Cavaleiro das Trevas, por exemplo. Nem em material de segundo escalão - foi o palhaço quem matou o Robin nos anos de 1980. Nas versões audiovisuais de Batman, é o personagem com mais interpretações memoráveis: destaque para Cesar Romero, Jack Nicholson, Mark Hamill (no desenho animado) e, no arrasa-quarteirão do ano passado, Heath Ledger.

Esse é o Coringa. Ou melhor: tudo isso é o Coringa.

Do outro lado, está Brian Azzarello. Autor premiadíssimo, de fato - mas não por Pelo amanhã, como a capa deste álbum dubiamente insinua, e sim pela série noir 100 Balas, que é uma HQ desesperançada sobre o submundo, que prega o olho por olho (aliás: talvez a cabeça inteira pelo olho). É o território em que o autor se dá bem.

Tanto que a messiânica Pelo amanhã, com arte de Jim Lee, é um fracasso monumental. Ao mesmo tempo, Lex Luthor - O homem de aço - sua outra série do universo de Superman, por sinal ao lado deste mesmo Bermejo - é magistral.

Esse é Azzarello - autor de uma nota só, que tropeça se sai do tom noir e do ambiente vilanesco.

Eis o ponto: com Coringa, Azzarello está em seu ambiente mais profícuo.

Talvez fosse melhor até "estaria", no condicional.

Porque o autor não rende. O roteirista escreveu um longo conto que não tem grandes momentos nem reviravoltas marcantes. Como é uma edição única, vá lá, a HQ fica em pé. Vai bem, até, graças ao coadjuvante Johnny Frost - como todo vagabundo da ficção, carismático.

Ao Coringa, Azzarello não acrescenta nada. Limita-se a trazer para o mundo dos quadrinhos a interpretação apoteótica criada pelos irmãos Nolan e interpretada por Ledger no longa-metragem mais recente. Até o rosto desfigurado - menos palhaço, mais aberração - vem do filme.

O resultado é um roteiro correto, mas que tem dificuldades para empolgar.

A missão de embasbacar fica para a equipe de arte. Bermejo, Mick Gray (Promethea) e Patricia Mulvihill (100 Balas) trabalham em harmonia completa e chegam a um resultado monumental. Os papéis se confundem a ponto de, a certa altura, não se saber mais qual é a arte-final mais forte, a de Gray, com traços fortes em nanquim, ou a do próprio Bermejo, mais próxima da pintura - ambas funcionam muito bem.

A edição brasileira, ainda bem, tem ótima impressão - o que só colabora com a arte. Mas há pequenos problemas em outros detalhes. O refilamento é pouco preciso. No texto, há um ou outro descuido de revisão. Na arte, algumas palavras que aparecem em reflexos não estão espelhadas.

As falhas não são justificadas pelo preço, mas ao menos são amenizadas. Afinal, o álbum tem capa dura e papel couché (que, se não tem gramatura alta, ao menos não deixa as cores atravessarem para o verso) e, ainda assim, sai por R$ 24,90.

É bom reparar, aliás, que há diversas livrarias fazendo promoções com Coringa neste período de lançamento. É fácil encontrá-lo por menos de R$ 20,00.

 

Classificação:

4,0

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