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CRISE FINAL # 3

2 agosto 2009


Autores: Grant Morrison (texto), JG Jones (arte), Alex Sinclair (cores), Jotapê Martins e Fabiano Denardin (tradução). Publicado originalmente na revista Final Crisis # 3.

Preço: R$ 5,50

Número de páginas: 24

Data de lançamento: Setembro de 2009

Sinopse: Batman está desaparecido. Superman também. E Darkseid, que vinha agindo discretamente nos bastidores, está pronto para finalmente atacar a Terra.

Enquanto isso, Joel Ciclone conta a Íris Allen que seu marido, o Flash Barry Allen, está vivo.

Positivo/Negativo: Ok, se você chegou até aqui, a trama hermética de Crise Final já deve estar bastante clara.

A essas alturas, você já sabe que a série tem, na verdade, pouco a ver com Crise nas Infinitas Terras. E também com Contagem Regressiva, Crise Infinita, Prelúdio para a Crise Final e outras HQs que supostamente estariam relacionadas. Mas que, isso sim, possui uma ligação estreita com o legado do grande Jack Kirby na DC Comics.

Também já deve ter entendido que a Crise Final é cheia de enigmas - e que, como a série Lost, por exemplo, cresce muito quando é debatida coletivamente.

E que, no desconhecimento de um bom espaço nacional, as resenhas do Universo HQ têm usado como referência o simples, mas excelente, blog Final Crisis Annotations, do jornalista norte-americano Douglas Wolk, autor de Reading Comics, um dos grandes livros sobre quadrinhos dos últimos anos.

(Por fim, vale a pena lembrar aos leitores insatisfeitos com a trama labiríntica de Grant Morrison que a linha Marvel da Panini está publicando Invasão Secreta, uma série bem mais simples, que há seis edições se foca basicamente em um combate entre super-heróis e ETs.)

Pois é: parece que, neste número, Crise Final finalmente começa pra valer. Não que os dois anteriores sejam de se jogar fora. Nada disso: é que Morrison tinha posto Darkseid e seus asseclas para agir nos bastidores. Na surdina, eles conseguiram até derrubar Batman e Superman. Enquanto isso, o autor ia espalhando pistas - como as referências a Kirby.

Com tudo articulado, o monstro de Apokolips parte pro ataque. A primeira a cair na história é Überfraulein - a Supergirl nazista. E, nesse caso, não dá para deixar a arte de J.G. Jones pra depois: a composição das páginas 4 e 5, ambas divididas em nove quadrinhos, é matadora. A ordem de leitura de três linhas narrativas diferentes se mistura na diagramação, com um resultado fabuloso, que se encerra só na página 6.

Enquanto a Supergirl nazista morre, Flash Barry Allen ressuscita. E outros heróis e vilões vão se dando mal. Não vale a pena detalhar os fatos, porque a narrativa é bem fragmentada e uma descrição mais apurada pode realmente estragar a leitura futura (e o blog de Wolk está aí pra isso, desde que você leia em inglês), mas o fato é que, no fim da edição, a situação não parece nada boa para os heróis da DC.

Também é curioso reparar que há algo de um toque feminino na edição. Tudo começa com a versão bestial da Mulher-Maravilha na capa. E com uma Supergirl pueril na contracapa. Nas primeiras páginas há a morte da Überfraulein. Mais adiante, a atual Supergirl (pura e doce, antítese da Mary Marvel que aparece depois) brinca com seu gato, Raiado. Ao seu lado, pendurado em um quadro esquisitíssimo, há um desenho de outro uniforme da Garota de Aço.

Perceba que Lois Lane está ferida - e é ela quem derruba Superman, no fim das contas, assim como é a Canário Negro quem faz Arqueiro Verde levantar da cama. Boodikka, a Lanterna Alfa que prendeu Hal Jordan, é outra fêmea.

Por fim, há Mary Marvel (que nada mais é do que a Supergirl do Capitão Marvel), que surge corrompida por Darkseid e conduz a uma cena final apoteótica com a Mulher-Maravilha e outras garotas da DC. Mulheres, claro - será que é aí que Morrison queria chegar?

Pelo visto, há muito a debater até o último número de Crise Final. Alguém se habilita?

 

Classificação:

4,0

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