Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
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CRISE FINAL ESPECIAL # 2

2 agosto 2009


Autores: O testamento de um herói - Brad Meltzer (texto), Adam Kubert, John Dell, Joe Kubert (arte) e Alex Sinclair (cores). Originalmente em DC Universe - Last Will and Testament.

Réquiem - Peter J. Tomasi (texto), Doug Mahnke (desenhos), Christian Alamy, Rodney Ramos (arte-final) e Nei Ruffino (cores). Originalmente em Final Crisis - Requiem.

Preço: R$ 7,50

Número de páginas: 72

Data de lançamento: Setembro de 2009

Sinopse: O testamento de um herói - Já que o mundo vai acabar mesmo, Geoforça decide se vingar do Exterminador por ter manipulado a titã Terra (uns 20 anos atrás). Enquanto isso, porque a coisa está feia mesmo, outros heróis se preparam para o fim dos tempos.

Réquiem - Agora que o Caçador de Marte morreu mesmo, os super-heróis vão ao seu enterro. E, numa retrospectiva, é mostrado como o alienígena verde realmente bateu as botas.

Positivo/Negativo: A morte é um tema recorrente nas duas histórias desta edição.

No nosso mundo, a morte é um tema sério. Mas, na realidade delirante dos super-heróis, a coisa é bem diferente.

Muitas vezes, o leitor pensa que o resenhista está tirando sarro dos encapuzados quando faz um comentário desses. Não é verdade.

A história Réquiem, por exemplo, traz uma prova de que heróis e vilões não acham que morrer seja um assunto preocupante. É a página 52.

Nela, um grupo de super-heróis quebra uma parede para salvar o Caçador de Marte, seu amigo alienígena. Os bandidos ficam preocupados, claro, porque há poderosos como Superman, Lanterna Verde, Batman e Capitão Marvel no pedaço.

Só que ninguém estranha que Aquaman e Homem-Elástico estejam lá - mesmo que ambos estejam, a essa altura do campeonato, oficial e cronologicamente mortos.

Imagina isso no nosso mundo: a bisavó, tão querida de todos, morta há muitos anos, simplesmente aparece na ceia de Natal, senta-se à mesa, come peru e até ganha presente, como se todo mundo esperasse que ela estivesse ali. Estranho, não?

No mundo dos heróis, não.

A explicação é simples: na DC, morte é uma doença como herpes pra nós: enche o saco quando aparece, mas uma semana depois ninguém se lembra mais.

Por isso, não dá nem pra reclamar que, nos últimos meses, esta seja a quarta morte do querido marciano J'onn J'onzz. Coitado, já tinha ido desta pra melhor em O planeta dos condenados, Contagem regressiva e Crise final. Agora, morre de novo.

Pior: morre, parece que definitivamente, com um clichezão na boca: "Sua laia fracassará... Sua laia sempre fracassará". Esperava-se mais de um marciano erudito. Mas não de Peter Tomasi. O roteirista foi um editor de algumas boas histórias da DC. Pediu pra sair e virou escritor de várias péssimas HQs da casa.

Deu no que deu: mortos-vivos. E uma história ruim de lascar.

Doug Mahnke até tenta melhorar um pouco a situação, mas seu colorista é um fiasco. Nei Ruffino, que se perde nos degradês do Photoshop, é (verdade!) designer de embalagens da nova coleção infantil do Meu Querido Pônei (nada contra!). Mas, na hora de colorir suas HQs, patina.

Aí vem a segunda história. Que não é tão ruim.

O roteiro é do romancista Brad Meltzer. Cá pra nós, ele é mais badalado como autor de quadrinhos do que como romancista, embora seja um roteirista bissexto, porque escreve HQs no intervalo de seus livros.

Meltzer conta a história da vingança de Geoforça, que é bacana, em fragmentos que são intercalados por heróis pensando na vida - o que é meio enrolação. E isso inclui Batman, Estelar e outros.

Uma parte da arte é de Joe Kubert - veterano, mestre, grande sujeito, artista fantástico.

Aí a combinação é bacana: Meltzer e Joe Kubert.

Outra parte da arte é de Adam Kubert, filho de Joe, que herdou o sobrenome, mas não o talento.

Aí vem a divisão: a parte da HQ com arte bacanuda de Joe Kubert é a mais arrastada. O trecho dedicado ao Superman, por exemplo, é demais!

Mas a parte mais interessante do roteiro é desenhada pelo jovem Kubert, que fica ainda mais fraquinho quando é posto páginas depois de seu pai.

Ou seja: na média, a história passa longe dos melhores momentos de Meltzer. Não é o fim da picada, mas a nota da revista como um todo também precisa dar conta da medonha Réquiem - e, de quebra, de um inexplicável "anteriormente" dedicado a Renee Montoya e Crispus Allen, que nem aparecem na revista.

 

Classificação:

4,0

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