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Daredevil - Volume 01

9 março 2012

Daredevil - Volume 01Editora: Marvel Comics - Edição especial

Autores: Mark Waid (roteiro), Paolo Rivera e Marcos Martin (desenhos), Joe Rivera (arte-final), Javier Rodriguez e Muntsa Vicente (cores).

Preço: US$ 19,99

Número de páginas: 152

Data de lançamento: Fevereiro de 2012

Sinopse

Uma nova fase se inicia na vida do Demolidor, com Matt Murdock de volta a Nova York. Tentando retomar sua carreira de advogado, ele assume um caso de violência policial e se envolve com os vilões mais perigosos do planeta.

Positivo/Negativo

Assumir os roteiros da nova série mensal do Demolidor foi um desafio e tanto para Mark Waid, uma vez que o herói cego passou nos últimos anos por uma fase de excelentes histórias.

Criado em 1964 por Stan Lee e Bill Everett, o Homem sem Medo representou a investida da Marvel em apresentar um super-herói deficiente físico, bem no estilo dos personagens com problemas humanos popularizado pela editora.

Contudo, foi apenas décadas mais tarde, sob a pena de Frank Miller, a partir de 1979, que o Demolidor viveu sua fase áurea, em aventuras mais urbanas, com influência da literatura noir e o lado trágico bem acentuado.

Desde então, duas abordagens distintas podem ser observadas no título. Brian Michael Bendis, Ed Brubaker e Andy Diggle seguiram a linha de Miller, com um tom dramático e pessimista, enquanto Karl Kesel e Joe Kelly levaram o personagem a um caminho mais leve e despretensioso.

Já Mark Waid, cujas seis primeiras edições à frente da série Daredevil são reunidas neste encadernado, parece mesclar influências dos melhores autores do passado, mas mantendo sua identidade própria.

Essas novas histórias têm como ponto de partida o retorno do Demolidor a Nova York, dando prosseguimento à saga em que o herói foi possuído por um demônio e substituído pelo Pantera Negra, com a proposta de uma "volta ao básico". Waid parece determinado a explorar todas as nuances da vida de Matt Murdock, as atividades como vigilante e sua carreira de advogado, bem como a vida social e amorosa.

Para tanto, introduz novos personagens, resgata antigos aliados e explora situações imprevisíveis. Logo de início, fica claro que o alter ego do herói passa por dificuldades -ele tem problemas nos tribunais justamente pelo fato de sua identidade secreta ter sido revelada ao público.

Mas ele não desiste de exercer sua profissão, e busca uma nova forma de agir no caso de violência policial que atraiu sua atenção. E a saída encontrada pelo roteirista foi bem criativa, explorando temas jurídicos sem carregar no drama de tribunal. Mas este ainda é um título de super-herói e, portanto, não podem faltar confrontos com supervilões e muita ação.

Logo nas páginas iniciais, Waid apresenta o Demolidor invadindo um casamento da Máfia para impedir um assassinato e beijando a noiva, numa cena que resgata todo o caráter irreverente e aventureiro do protagonista. Esse clima se prolonga por toda a narrativa, com sutileza e equilíbrio notáveis.

O roteirista sabe como poucos estruturar uma boa trama de super-heróis, como fica claro no confronto entre o Homem sem Medo e o vilão Garra Sônica. Mais que músculos e habilidades em artes marciais, Murdock precisa exercitar o cérebro para vencer seus oponentes, e este é um diferencial positivo da revista.

Fazendo valer a reputação do roteirista como especialista máximo no mundo dos super-heróis, a trama envolve algumas das organizações criminosas mais temidas do Universo Marvel, com uma reviravolta que já altera o status quo do personagem e abre caminho para o crossover com Homem-Aranha e Justiceiro, coescrito por Greg Rucka. São os mais novos arquitetos da editora em ação.

Um dos trabalhos pregressos mais aclamados de Waid na "Casa das Ideias" foi com o Capitão América, em parceria com Ron Garney, e aqui os leitores podem matar a saudade dessa boa fase. O Sentinela da Liberdade marca presença na segunda aventura do Demolidor, quando surge com a missão de prender Matt Murdock.

Mas é preciso deixar claro que, apesar do respeito com a filosofia do Homem sem Medo e o resgate de um tom mais leve, as aventuras estão longe da nostalgia. O que a nova equipe criativa apresenta é a essência do personagem perfeitamente adaptada aos novos tempos.

E os dois desenhistas, do título, Marcos Martin e Paolo Rivera, fazem bonito. Destacando-se por uma narrativa pouco usual e apreciável, eles exploram bem as cenas de ação e a percepção de Murdock por meio de seus sentidos especiais. A edição conta com capas originais, esboços e entrevistas com Mark Waid e Paolo Rivera. Leitura recomendada, e não apenas aos fãs habituais do Demolidor.

Classificação

4,5

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