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DO INFERNO # 4

1 dezembro 2005


Título: DO INFERNO # 4 (Via
Lettera
) - Série em quatro volumes

Autores: Alan Moore (roteiro) e Eddie Campbell (arte).

Preço: R$ 32,00

Número de páginas: 120

Data de lançamento: Dezembro de 2001

Sinopse: Prostitutas são evisceradas pelo primeiro serial killer
da História, a quem a imprensa apelidou de Jack, o Estripador. Londres.
Outono de 1888.

Positivo/Negativo: E assim aconteceu. Chegamos à última estação
do inferno. Tomamos agora conhecimento do destino do assassino, do investigador
e de alguns personagens secundários.

Por fim, num interessante capítulo extra, é possível acompanhar as investigações
posteriores à conclusão do crime, o nascimento da "estripadorologia",
além dos livros e teorias criados para lucrar com a curiosidade mórbida
de cidadãos entediados.

Do Inferno é uma leitura difícil, pesada, não se trata de um mero
entretenimento cotidiano. Ela não o abandona, quando você fecha o álbum.
Ela o segue por corredores sombrios, abre certas passagens e atordoa até
o princípio da náusea.

Poucos conseguem, como Alan Moore, ser tão verdadeiros em sua visão das
pessoas. Isso em todas as artes. Jack não é Druitt, nem Gull, nem Sickert.
Ele é Alan Moore, em sua análise fria, visceral e precisa da anatomia
da alma. Para isso, é auxiliado sempre por ótimos cúmplices, perfeitamente
selecionados para cada ato, como, neste caso, Eddie Campbell.

O retrato diverso que faz de seus protagonistas e da grande personagem
que é sua Londres (escondida sob uma outra Londres) atrai sobremaneira.
É uma isca que leva à teia de onde se pode ver aproximar-se um terror
vivente. É uma história que luta com seu leitor, que não faz concessões.

Pode-se mesmo estranhar certas escolhas de Moore, como os rumos a que
somos conduzidos pelo devaneio final do protagonista. Mas nada, nem mesmo
as maiores "viagens" do autor, fica fora do contexto. Tudo se encaixa,
como deve ser em uma história perfeitamente concebida.

Do Inferno é isso mesmo, uma história levada a cabo com certa perfeição.
Exemplo a ser seguido pelos que se aventuram nessa arte emergente, na
qual as maiores obras são as que estão por vir. A saga de Moore e Campbell
torna-se, então, (mais do que) um prenúncio do que os quadrinhos têm a
oferecer.

Há alguns problemas, como balões sem texto, erros ortográficos, pontos
onde a tradução parece não acertar, páginas sem o respectivo número etc.,
tanto nesta edição como nas anteriores. Obviamente, não são desejáveis,
mas mesmo assim os quatro álbuns brasileiros de Do Inferno representam
um ótimo trabalho da Via Lettera, pelo qual a editora merece ser
parabenizada.

Em tempo, a frase "Ninguém ajudará o filho da viúva?" era uma senha maçônica
usada para identificar e cooptar os membros da grande irmandade na Inglaterra
do século XIX. Não se sabe se continua valendo. Quem quiser, pode fazer
o teste... por sua conta e risco.

Classificação:

4,0

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