Aos preclaros leitores, entusiastas de grandiosas aventuras protagonizadas
por nobres cavalheiros, oferecem-se algumas palavras, ainda que injustas
perante a obra analisada, necessárias, porém, para conhecê-la.

O dedicado resenhista incumbido de desfiar os intrigantes mistérios que se escondem entre as capas da primeira edição de Docteur Mystère e esta também compartilhou informações importantes sobre a série. Faça a gentileza, bondoso leitor, de acessá-la aqui.

A obra toma para si a responsabilidade de dialogar com as épicas aventuras do Século 19, assemelhando-se deveras ao trabalho dos distintos bretões Alan Moore e Kevin O'Neill, em sua A Liga Extraordinária.

O tom vitoriano da palavra abunda pelas páginas, recordatórios e balões, trazendo toda a elegância e o garbo que a etiqueta da época exige e oferece. Entretanto, ávido leitor, saiba que isso em nada coíbe a existência dos mais graciosos chistes. Ou das mais arrojadas ações aventureiras.

O escriba Alfredo Castelli, notório por seu trabalho com o herói Martin Mystère, dá origem ao personagem, escreve suas falas e gera a altivez que necessita o texto de um verdadeiro campeão como Docteur Mystère e, por que não, seu parceiro Cigale.

O senhor Castelli narra as proezas com boas doses de emoção, distribuindo acertadamente os painéis pelas páginas.

Páginas essas que foram belamente ilustradas pela hábil mão do cavalheiro Lucio Filippucci. O traço é firme, as expressões dignas, os movimentos honrados. Enfim, o artista nos apresenta homens de caráter e de fibra.

As cores saudosas criam um clima nostálgico e quase inocente, de um mundo que não mais existe. Um mundo onde é possível ir à Lua com um tiro de canhão.

Castelli e Filippucci destramente conduzem os apreciadores da história ilustrada por meio de notáveis referências e relações com obras dignas de apreciação, tais como os trabalhos de Júlio Verne, George Meliès, Jonathan Swift, Arthur Conan Doyle, George Lucas e Gene Roddenberry, para enumerar somente alguns.

Ao voraz leitor, diante de tal obra, só restam dois gestos: manter o coração ao peito após tamanhas emoções e torcer para que as terras tupiniquins conheçam mais dessa intrépida dupla de heroicos cavalheiros.