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DOMÍNIO PÚBLICO – LITERATURA EM QUADRINHOS # 1

26 agosto 2009


Autores: Sete vidas - Mário Hélio (roteiro), João Lin (arte);

Apólogo brasileiro sem véu de alegoria - Guazzelli (roteiro e arte);

O homem que sabia javanês - Júlio Cavani (roteiro), Jarbas (arte);

A ilha de cipango - Samuel Casal (roteiro e arte);

A cartomante - André Dib (roteiro), Kleber Sales (arte);

O soldado Jacob - Lydia Barros (roteiro), Mascaro (arte).

Preço: R$ 15,00

Número de páginas: 80

Data de lançamento: Abril de 2006

Sinopse: Sete vidas - Nesta adaptação da crônica O jogo dos bichos, de Olavo Bilac, Hilário precisa de dinheiro para enterrar sua mãe. Em desespero, joga no bicho.

Apólogo brasileiro sem véu de alegoria - Dentro do trem que vai para Belém, um cego começa uma revolta exigindo luz. Adaptação do conto de mesmo nome de Alcântara Machado.

O homem que sabia javanês - Criado a partir de conto de Lima Barreto, esta é a história de um malandro que se passa por intelectual.

A ilha de Cipango - Um eu-lírico solitário tem más lembranças da Ilha de Cipango. Ilustrações com o poema completo de Augusto dos Anjos.

A cartomante - Um triângulo amoroso, a traição, o risco da descoberta e uma visita a uma cartomante. Adaptado do conto de Machado de Assis.

O soldado Jacob - Conheça a história do soldado Jacob e o que o teria feito ir parar no manicômio. Baseado em conto de Medeiros e Albuquerque.

Positivo/Negativo: Um projeto admirável. É difícil definir de outro modo a iniciativa dos dois editores da Domínio Público - e também responsáveis pela revista Ragú -, Mascaro e João Lin.

A ideia é bastante simples: pegue um punhado de grandes autores cujas obras já estejam em domínio público, como Machado de Assis, Lima Barreto e Augusto dos Anjos. Depois, chame bons quadrinhistas, como Guazzelli, Samuel Casal e André Dib. Em seguida, junte tudo, encaderne e publique.

O que surpreende em Domínio Público não são apenas as cores e traços impressionantes de João Lin, Samuel Casal ou Mascaro, nem somente o roteiro caprichado de André Dib, Mário Hélio ou Guazzelli. O que salta aos olhos na publicação é a alta qualidade conquistada num terreno tão disputado quanto esse, das adaptações literárias.

Numa época em que o governo compra quadrinhos para suas bibliotecas e gosta de investir os seus tostões em adaptações literárias, certamente, as adaptações não são a totalidade das listas, mas a franca maioria.

Ressalte-se, porém, que a Domínio Público foi lançada em 2006, antes desse boom de adaptações. E grande parte das obras desse nicho sofre de um mesmo mal: fazer a arte das HQs como uma simples roupagem para um enredo melhor contado no seu original. Sem nenhum "perfume" a mais. São simples "facilitadores" dos textos literários e só existem em dependência direta deles.

Não é o caso de Domínio Público que, sem medo de ousar, traz um grupo de artistas que imprime suas marcas às adaptações. O resultado é dos mais interessantes: um trabalho que não vale apenas como muleta de um texto literário consagrado, mas sim por apresentar ótimas narrativas visuais.

Pesa contra o projeto a falta de informação sobre a revista, que não tem sequer um site ou blog, e a dificuldade de encontrá-la para quem deseja comprá-la.

 

Classificação:

4,0

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