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DYLAN DOG #10

1 dezembro 2003


Título: DYLAN DOG # 10 (Mythos Editora) - Revista mensal

Autores: Tiziano Sclavi (texto) e Carlo Ambrosini (desenhos).

Preço: R$ 5,50

Número de Páginas: 96

Data de lançamento: Agosto de 2003

Sinopse: Triste, devido a uma desilusão amorosa, Dylan Dog embarca para uma viagem para a misteriosa ilha Egg. Lá, onde as fronteiras entre o real e a alucinação são móveis, o Detetive do Pesadelo trava diálogos com seres de uma rara capacidade de articulação.

Como desgraça pouca é bobagem, velhos amigos aparecem para uma inusitada tentativa de reavaliação do passado. Uma aventura grotesca, que interpreta de modo pouco usual a afirmação de que ninguém é uma ilha!

Positivo/Negativo: É preciso afirmar logo de cara: Dylan Dog # 10 possui um roteiro de trama nada original, muito bem arquitetado e, o mais importante, divertidíssimo!

Como já é praxe, os textos de Sclavi deitam e rolam em um mar de referências da cultura pop e literatura. Nesta edição, idéias de H. G. Wells (o autor do livro A Ilha do Doutor Moreau) caminham ao lado de imagens suscitadas pela leitura de contos de Edgard Alan Poe (alô, leitores de Mágico Vento) e têm, como intróito, uma cena que remete a um trágico conflito inspirado na produção do prolífico Stephen King.

Nada é chato, é verdade, nesta "salada" preparada por um autentico fã de histórias de terror e mistério.

O principal atrativo, no entanto, é o tratamento que o roteiro dá a uma história que tinha tudo para ser enfadonha e previsível. Sclavi conta a trama com calma e, assim, prepara seqüências que não parecem, em momento algum, gratuitas ou apelativas.

As informações, veiculadas por diálogos contidos e bem colocados, ganham os quadrinhos com parcimônia e se restringem a fornecer pistas reduzidas às revelações que colaboram ao interesse do mistério da aventura.

O humor do enredo não se limita apenas aos comentários preciosos de Groucho. Desta vez, o próprio Dylan Dog experimenta os limites de sua percepção da realidade, após um patético acidente, para causar o riso e a curiosidade do leitor!

Em meio a um bestiário em quadrinhos, esta aventura traz ainda um dado inédito (até esse momento) para os leitores brasileiros, ou seja, uma bem-humorada discussão sobre a vida sexual de Groucho.

Não deixa de ser raro uma HQ que não tema revelar ou apostar numa caracterização mais "esperta" e "sagaz" para um tipo de personagem, o melhor amigo do herói, mais comumente dado a ser inofensivo e anódino.

A conversa entre Groucho e Dog acerca de um "baião de três" é, no mínimo, divertidíssima!

Alguém precisa urgentemente colocar em contato os editores de John Constantine e os de Dylan Dog, para que a Vertigo /DC e a Sergio Bonelli se entendam para a criação de um crossover!

Esta edição só não é melhor, porque o desenhista Ambrosini não é Kevin O'Neill, muito menos Moebius.

Esta é a segunda edição seguida de Dylan Dog que a Mythos acerta na escolha da aventura! Fantástico! Ainda há esperança para o Detetive do Pesadelo no Brasil! E fica aqui uma sugestão de marketing para a editora: contrate o José Mojica Marins (criador do imortal Zé do Caixão) para divulgar este personagem e também Martin Mystère!

Classificação:

4,0

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