Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
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EMMANUELLE – VOLUME 1

1 dezembro 2008


Autor: Guido Crepax (texto e arte).

Preço: R$ 33,00

Número de páginas: 96

Data de lançamento: Junho de 2008

Sinopse: Adaptação para os quadrinhos das aventuras sexuais de Emmanuelle Arsan.

Positivo/Negativo: Já faz dois anos que a Pixel tem dedicado seus maiores esforços para as sublinhas da DC Comics, Vertigo / Wildstorm, o que por vezes ofusca seu bom acervo de quadrinhos europeus.

É uma pena. Por mais interessantes que sejam os títulos dos selos norte-americanos, poucos chegam perto de uma jóia como Corto Maltese.

E, a bem da verdade, Emmanuelle, cuja edição antiga da Martins Fontes está esgotada, nem chega perto de Corto, obra máxima de Hugo Pratt.

Mas, ainda assim, Emmanuelle é diferente. E merece atenção.

É que, mesmo se levando em consideração o mercado fervilhante dos últimos anos, Emmanuelle tem poucos pares. E até quando o foco vai para a prateleira de HQs eróticas a comparação é árdua - e talvez só tenha eco com a Valentina, do próprio Crepax, lançada pela Conrad em, até agora, dois volumes.

A Emmanuelle de Crepax, afinal de contas, é quadrinho erótico. Tem sexo, sim - com nudez feminina, masculina, penetração, sexo oral e anal, felação, homossexualismo, masturbação e por aí vai.

Mas a verdade é que isso não importa. No traço de Crepax, Emmanuelle é um exercício de fantasias e fetiches. O sexo ganha novas caras. Suga energia do meio, do cenário.

Por exemplo: o álbum abre em um Concorde, o lendário e agora aposentado avião supersônico de passageiros que ia de Londres a Nova York em três horas. Era uma máquina poderosa, potente - e no aerodinâmico formato fálico. Ao desenhar o sexo dentro da aeronave, Crepax mistura os corpos com o traço do jato.

Mais adiante, Emmanuelle também se mescla com animais e com deidades africanas do sexo.

Mas a cena mais impressionante é quando a garota e seu amante são tomados pelo próprio nanquim da página a que pertencem - borrando-o em fartas pinceladas.

Curioso: em tese, Emmanuelle é a mesma personagem que criou, em filmes, a pornografia softcore - aquela caracterizada pelo penhoar de seda em tom pastel, pela suavidade e pelo ritmo lento e enfadonho.

Nos quadrinhos, porém, Emmanuelle é mais vigorosa. Não é só uma mulher - Crepax fez dela uma força da natureza.

Classificação:

4,0

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