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EMPIRE

1 dezembro 2011

EMPIRE

Editora: DC Comics - Edição especial

Autores: Mark Waid (roteiro), Barry Kitson (ilustrações), James Pascoe (arte-final) e Alex Bleyaert e Chris Sotomayor (cores).

Preço: US$ 14,95

Número de páginas: 208

Data de lançamento: Junho de 2004

 

Sinopse

Num futuro próximo, o vilão Golgoth conseguiu eliminar todas as forças de oposição e se tornou um ditador global. As histórias deste encadernado narram os dramas de seu governo opressor.

Positivo/Negativo

O nome de Mark Waid sempre foi sinônimo de boas histórias de super-heróis. Desde meados da década de 1990, o roteirista tem apresentado trabalhos de qualidade em títulos como Flash, Capitão América, Legião dos Super-Heróis e o clássico Reino do Amanhã.

Entretanto, ele disse em diversas ocasiões que sempre teve dificuldade para criar bons vilões. Foi uma grata surpresa, portanto, que quando Waid e o desenhista Barry Kitson se juntaram para criar seu primeiro trabalho autoral, o tema fosse justamente um supervilão que teve sucesso em sua empreitada de conquistar o mundo.

Empire surgiu como investida do selo Gorilla, da Image, que publicou títulos autorais de nomes como Kurt Busiek, George Pérez, Karl Kesel e Tom Grummet, e foi o mais bem-sucedido da leva.

Contudo, problemas financeiros interromperam a publicação da revista após a segunda edição, e toda a linha Gorilla foi cancelada. Felizmente, a DC Comics decidiu dar continuidade a Empire, que retornou numa minissérie em seis partes pela equipe criativa original, reunida com as duas edições da Image neste encadernado.

E a primeira qualidade a se destacar na HQ é a riqueza de detalhes que Waid e Kitson imprimem a este mundo novo. História, geografia e política do planeta dominado por Golgoth são mostrados ao longo da saga, e percebe-se como os autores se dedicaram ao projeto.

Numa realidade tão fria e sem esperança, o poder da narrativa reside, sobretudo, nas características únicas dos personagens. Golgoth é uma criação monstruosa, com o rosto sempre coberto por uma máscara enigmática e capaz das maiores atrocidades para manter o controle. Se não fosse o talento de Waid na composição de sua personalidade, seria difícil para o leitor se importar.

Mas o que a história apresenta é um personagem trágico, que sacrificou sua felicidade em prol de um ideal, por mais doentio que seja. E não para por aí. Os conselheiros de Golgoth, mantidos por uma droga que lhes garante força ampliada e fidelidade ao líder, também são um poço de sordidez e perversões morais. Todos encenam o drama num palco de intriga política e conceitos ousados de ficção científica.

Além das situações advindas de um mundo inteiro para governar, a trama de Empire enfoca muito bem a relação entre Golgoth e sua jovem filha Delfi, bem como a lembrança da falecida esposa. Difícil imaginar uma família mais disfuncional, naturalmente.

Delfi admira o pai acima de tudo, e deseja ser como ele. Por outro lado, se envolve com um dos homens do governo, e o desfecho trágico prova a que ponto chega a perversidade humana. Esses dramas se contrapõem a movimentos de resistência e uma presença alienígena que poderia alterar o equilíbrio de poder planetário, mantendo tudo imprevisível.

A arte de Barry Kitson é competente, como de costume. Ele não é um desenhista badalado e seu estilo pode parecer batido, mas consegue narrar muito bem a história.

Lembrando o trabalho de Dave Gibbons e Gil Kane, o diferencial de Kitson é a dedicação a cenários complexos e ao visual de personagens fora do convencional.

A edição abre com um texto introdutório de Mark Waid e inclui sketches comentados por Barry Kitson. A dupla tinha a intenção de produzir mais histórias neste universo, mas isso não se concretizou até hoje.

Empire pode não ser o texto mais reconhecido de Mark Waid, mas é certamente o mais provocativo e original.

Classificação:

4,0

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