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ETERNOS # 4

1 dezembro 2008


Autores: Neil Gaiman (texto), John Romita Jr. (desenhos), Danny Miki, Jesse Delperdang, Tom Palmer, Klaus Janson (arte-final) e Matt Hollingsworth (cores).

Preço: R$ 6,90

Número de páginas: 72

Data de lançamento: Dezembro de 2007

Sinopse: Na conclusão de Eternos, um bom papo entre o Celestial Sonhador e Mark Curry resolve o problema do gigante dourado, mas não sem antes atiçar a comunidade de super-heróis, liderada pelo Homem de Ferro e seus Vingadores.

Positivo/Negativo: "Duvido que até mesmo todos nós, cem Eternos em plena carga, pudéssemos reconstruir o passado", diz Zuras, em dado momento desta revista.

A frase é quase profética: um ano depois de sua publicação original, Joe Quesada, editor-chefe da Marvel e, por tabela, de Eternos, decidiu reescrever todo o passado do Homem-Aranha, em uma série de histórias que acabou rechaçada pelos fãs.

Sem ser um Eterno, abusou dos limites da verossimilhança com um dos ícones da "Casa das Idéias". Se deu mal. O tecido da ficção é bem mais frágil do que parece. E os editores norte-americanos aparentemente ainda não entenderam que a paciência dos leitores está por um fio esgarçado.

Mas, com Neil Gaiman, a coisa é diferente. O escritor conhece bem o reino da ficção. Sem abusos, usou o vulcão criativo de sua mente para fazer de Eternos uma minissérie de super-heróis empolgante.

É bem verdade que Eternos está longe de ser um novo Sandman, obra mais conhecida de Gaiman, mas essa nunca foi a idéia do autor - embora a comparação seja corriqueira nas manifestações dos leitores.

A trama segue a escola do criador de seus personagens, Jack Kirby, e une elementos cósmicos a histórias terráqueas. O resultado é uma soma de personagens envolventes com um ritmo cadenciado e boas sacadas de situações e diálogos.

A dobradinha de um roteirista competente como Gaiman com um artista que parece nascido para a Marvel é matadora e rende momentos memoráveis, especialmente na sexta parte da HQ.

Um deles é o próprio desfecho do conflito com o Celestial Sonhador. Apesar de John Romita Jr. ser um mestre da ação, como pode ser visto em outras seqüências da minissérie, tudo é resolvido em um bate-papo realizado em um charmoso bistrô francês.

Outro trecho merece destaque: é a impagável tentativa de convencer os Eternos a se registrarem na lei que foi o centro da minissérie Guerra Civil. Tony Stark bem que tenta, mas é de novo Zuras quem dá o veredicto: "Se vissem dois grupos de crianças discutindo sobre qual deles pode brincar em algum solo devastado, que lado vocês escolheriam?".

A propósito, cabe aqui um adendo: os eventos mostrados em Eternos estão adiantados em relação à cronologia da Marvel em andamento no Brasil. Infelizmente, revelam mais do que os leitores apegados a esses detalhes de continuidade gostariam de ver, evidenciando um desnecessário deslize na programação da Panini.

O sétimo capítulo, por sua vez, pode ser lido como um posfácio. Suas páginas servem para realocar os Eternos no Universo Marvel e para dar um trato nas pontas soltas. É nítida a intenção de Gaiman de deixar os personagens alçar novos vôos, agora que os revitalizou.

A série se revela uma divertida história de super-heróis - e nada mais que isso! Ela se destaca justamente porque o gênero está tomado por HQs pífias, sem brilho, com arte capenga e roteiros menosprezam a inteligência do leitor.

Classificação:

4,0

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