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EX MACHINA - VOLUME 3 - FATO VS. FICÇÃO

1 dezembro 2010

EX MACHINA - VOLUME 3 - FATO VS. FICÇÃO

Editora: (Panini Comics) - Edição especial

Autores: Brian K. Vaughan (texto), Tony Harris (desenhos), Tom Feister, Karl Story (arte-final), J.D. Mettler (cores), Fabiano Denardin e Fábio Fernandes (tradução).

Preço: R$ 19,90

Número de páginas: 144

Data de lançamento: Dezembro de 2009

 

Sinopse

Este volume compila três histórias de Ex Machina.

A sorteada - O prefeito e super-herói Hundred decide pôr em prática uma velha lei e enfrentar o charlatanismo de quem cobra para ler a sorte em Nova York.

Fato vs. Ficção - Enquanto o prefeito está ocupado com um júri, o Autômato passa a combater o crime em Nova York.

Fora de circuito - Hundred encontra sua mãe e descobre informações cruciais sobre O seu passado.

Positivo/Negativo

Para encerrar o ano em alta no coração dos leitores, a Panini trouxe de volta uma das melhores séries do recém-retomado selo Wildstorm: Ex Machina.

O primeiro volume saiu pela própria editora em 2005 - e logo depois ganhou continuidade pela Pixel, primeiro em minissérie, depois como parte do mix da revista mensal da casa.

Agora, a Panini retoma a HQ a partir do terceiro álbum da coleção norte-americana.

Ex Machina nada mais é do que um grande hino à reconstrução de Nova York após o 11 de Setembro de 2001. E, se todo mundo sabe que a cidade é a maior, a série incorpora o que ela tem de menor: os detalhes, as idiossincrasias, aquilo que, de longe, só se sabe pela New York, pelo Village Voice, pela seção local do New York Times - e com sorte!

O espírito da cidade está presente desde a art nouveau do traço de Tony Harris até no super-herói protagonista, que salvou a segunda torre do WTC e virou prefeito.

Afinal, Manhattan é sede histórica da Marvel e da DC, é o berço dos super-heróis, é cidade que serve de lar para Homem-Aranha, Vingadores e Quarteto Fantástico e que deu origem a Metrópolis de Superman e a Gotham de Batman.

O prefeito Hundred é o protagonista da trama, não a cidade. Mas ele foi forjado
pela "Grande maçã". Ganhou seus poderes sob a ponte do Brooklyn,
ponto histórico da cidade. A notoriedade veio com o atentado terrorista
que cravou uma cratera no centro comercial de Nova York e deixou um rastro
de três mil mortos - certamente menos na HQ.

Enfim, prefeito protagoniza, mas a cidade é todo o resto.

A cratera é conhecida. Mas ela fica lá. O que interessa a Vaughan é que Hundred atue no detalhe. Que faça valer a lei estadual 165.35, que proíbe a cobrança por adivinhações: tarólogos, ciganos, numerólogos, essa gente que diz dizer o que vai acontecer depois de amanhã. Esse é o mote da primeira história.

A segunda - que batiza o volume - usa outra marca da série: as referências aos próprios quadrinhos. O Autônomo está para Hundred assim como Azrael está para Batman e Aço para Superman. É um substituto não legitimado pelo original - e que acaba distorcendo o espírito do herói.

A referência, aliás, vai mais longe, até os Supermen robôs da Era de Prata.

A sensação de que nada é por acaso acaba enriquecendo ainda mais Ex Machina. Falando nisso, também não é acaso que Vaughan tenha se tornado roteirista de Lost (apesar de ele já ter deixado a série).

Daí que o trabalho de adaptação da Panini precisa ser preciso e rigoroso. É tarefa da editora traduzir um pouco da Nova York de Ex Machina. As notas do fim do volume, por exemplo, são prova de que há um bom trabalho em andamento.

Nem tudo é perfeito: na página 49, a palavra "sausage" é traduzida como "salsicha", o que é uma imprecisão. Em inglês, "sausage" é uma palavra bem mais genérica, que inclui vários embutidos - inclusive a salsicha, mas também salames, linguiças, mortadelas... E o McMuffin com salsicha não é uma versão esdrúxula do nosso cachorro-quente, e sim uma espécie de hamburguinho de bolo servido no café da manhã (sim, é esquisito, porém gostoso).

Claro que essa confusão gastronômica não atrapalha o andamento da HQ, mas dá uma ideia do tipo de detalhe que a equipe editorial precisa estar pronta para enfrentar.

Além disso, o glossário está em ordem alfabética e não há indicação das páginas em que cada palavra é mencionada. Vale melhorar isso também.

Afinal, Ex Machina é uma baita série - e merece o maior cuidado possível.

Pequenos deslizes à parte, a Panini recomeçou bem. Além de tudo, aposta numa edição acessível, distribuída em banca com preço em conta.

É com base nisso que fica a torcida para que a editora e os leitores tenham fôlego para dar continuidade à série - e que ela não vá fazer companhia a coleções abandonadas pela casa, como Batman em Preto & Branco, Starman, Seton, XIII...

Classificação:

4,0

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