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EX MACHINA – VOLUME 5 - FUMAÇA E FOGO

1 dezembro 2011

EX MACHINA - VOLUME 5 - FUMAÇA E FOGO

Editora: Panini Comics - Edição especial

Autores: Brian K. Vaughan (roteiro), Tony Harris (arte), Jim Clark (arte-final) e J.D. Mettler (cores) - Originalmente em Ex Machina # 21 a # 25.

Preço: R$ 16,90

Número de páginas: 128

Data de lançamentoOutubro de 2010

 

Sinopse

Um criminoso está assaltando apartamentos fantasiado de bombeiro e isso está gerando muitos problemas para a cidade de Nova York. Além desse caso, o prefeito Hundred tem que lidar com as consequências de suas recentes declarações sobre o uso de drogas e de uma ação que cometeu nos seus tempos de super-herói.

A edição inclui ainda uma história curta apresentando Bradbury, o guarda-costas e melhor amigo de Hundred.

Positivo/Negativo

De cara, vale ressaltar é que, dentro do universo ficcional criado pelo roteirista Brian K. Vaughan, Mitchell Hundred é único. Somente ele tem poderes extraordinários, que são se comunicar com máquinas e comandá-las. Foram esses dons que lhe permitiram salvar uma das torres gêmeas no atentado de 11 de setembro de 2001.

E foi esse ato heroico que deu a Hundred a vitória nas eleições para prefeito. E como candidato independente.

Daí se começa a entender que existem três aspectos pelos quais as histórias de Ex Machina transitam.

O primeiro e mais interessante aspecto é o cenário político, cultural e social da cidade de Nova York. Em diversas histórias, Hundred enfrenta situações delicadas e polêmicas. Cabe a ele procurar a melhor solução possível, intermediar interesses conflitantes e deixar a casa em ordem.

Ainda sob esse aspecto, estão incluídas as relações entre Hundred e seus amigos e assessores. Por meio de ótimos diálogos, Vaughan realiza interessantes reflexões sobre diversos temas, como política, racismo, homossexualidade, direitos civis e liberdade de expressão.

O segundo aspecto é o mito do super-herói. Ao adquirir seus poderes, Hundred tenta imitar os personagens de histórias em quadrinhos que o fascinavam quando criança. Em diversos flashbacks, o leitor acompanha as atrapalhadas façanhas da Grande Máquina (o pseudônimo que o atual prefeito adotava, mas que ninguém, além dele e seus amigos, usa).

Nesses momentos, Vaughan não só faz referências a diversos elementos do gênero, como também apresenta sua visão sobre o que seria um super-herói na vida real: algo simplesmente risível e nada extraordinário.

O terceiro aspecto é o mistério. Embora o acidente que deu os poderes a Hundred tenha um quê de "origem de super-herói", não se trata de nada disso. Foi um evento aparentemente relacionado com outros de proporções bem maiores, que aos poucos vão se revelando.

O autor apresenta personagens e situações que provocam cada vez mais a curiosidade sobre o que realmente está por trás das fascinantes capacidades de Mitchell Hundred. Esse estilo de mistério lembra muito o seriado Lost, do qual Vaughan foi roteirista de alguns episódios.

A principal trama deste quinto volume é o arco de quatro histórias chamado Fumaça e fogo. Aqui, o prefeito Hundred está às voltas com um criminoso que comete assaltos fantasiado de bombeiro. Mas esse não é o maior problema que o protagonista tem que resolver.

Quando o prefeito assume que fumou maconha no passado, começa uma série de cobranças a respeito da sua postura diante do consumo de drogas. Como sempre, os elaborados diálogos entre Hundred e seus assessores abrem espaço para discussão sobre um tema polêmico.

Reforçando o tema das drogas, os flashbacks mostram a Grande Máquina numa implacável perseguição a um traficante de maconha, que é apresentada ao longo das quatro partes da trama.

Mais tarde, o leitor descobrirá que a prisão desse traficante servirá de gatilho para um chocante acontecimento pelo qual o prefeito se sentirá profundamente culpado.

Fumaça e fogo é um ótimo exemplo do tipo de história que Vaughan produz em Ex Machina. Os três aspectos citados estão presentes, com maior destaque para o primeiro e o segundo. O terceiro, referente ao mistério por trás dos poderes, apresenta-se em um sonho , em duas páginas, para provocar ainda mais a curiosidade do leitor.

Além de levantar boas questões sobre o tema do uso de maconha, este arco abre espaço para outras tramas e personagens. Afinal, a série não trata de uma só pessoa, mas de uma coletividade, uma cidade.

Assim, não é o prefeito Hundred que prenderá o bombeiro assaltante, mas alguém de sua equipe. E o leitor ainda descobre que nem todos os amigos do protagonista são confiáveis.

A última história do volume é um episódio fechado e focado em Rick Bradbury, melhor amigo e guarda-costas do prefeito. É mostrado mais do passado desse personagem, que acaba conquistando a simpatia do leitor.

Cabe ainda ressaltar o belíssimo trabalho do desenhista Tony Harris, com personagens expressivos e carismáticos. É o tipo de arte que se torna parte indissociável da identidade da série.

A edição da Panini é muito bem produzida, com textos explicativos sobre tudo que aconteceu na série até então. Mas recomenda-se que o leitor procure os antigos números, pois vale a pena.

Este volume traz ainda, como extra, um texto sobre a proposta original da série e o já tradicional glossário, nas páginas finais, com o significado de diversos termos que ajudam o leitor a compreender o contexto cultural dos diálogos e situações.

Classificação:

4,0

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