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The Flash – Born to run

30 maio 2014

The Flash – Born to runEditora: DC Comics – Edição especial

Autores: Mark Waid e Tom Peyer (roteiro), Greg LaRocque, Jim Aparo, Pop Mhan e Humberto Ramos (desenhos), José Marzan Jr., Ken Branch, Wayne Faucher e Bill Sienkiewicz (arte-final), Glenn Whitmore e Tom McCraw (cores).

Preço: US$ 12,95

Número de páginas: 128

Data de lançamento: 1999

Sinopse

Uma releitura da origem do Kid Flash, incluindo o despertar dos poderes de Wally West, sua relação com Barry Allen, a tia Íris e os primeiros desafios de sua carreira.

Positivo/Negativo

O encadernado The Flash – Born to run apresenta uma das melhores e mais significativas histórias do Corredor Escarlate, um verdadeiro marco em sua trajetória.

Mas antes de expor essas qualidades, é preciso indicar o responsável pelo sucesso: o escritor Mark Waid. Como muitos profissionais do meio, ele pode ser identificado com os grandes personagens com que trabalhou.

O super-herói preferido de Waid desde a infância é o Superman, que ele reinventou em O legado das estrelas (leia aqui um review do encadernado). Mas foi na revista do Flash que o roteirista mostrou tramas intimamente pessoais, explorando dramas e triunfos com base em sua experiência de vida, marcando uma época.

Este “Ano Um” de Wally West foi o ponto de partida de uma corrida inspirada, carregada de emoções e com o tempero de um clássico moderno.

O Homem de Aço ganhou nova vida após Crise nas Infinitas Terras, pelas mãos de John Byrne, e Batman foi retrabalhado por Frank Miller e David Mazzucchelli. Já o Flash passou pelas boas fases de Mike Baron e William Messner-Loebs, mas foi com a entrada de Waid, em 1992, que decolou de verdade.

Waid deixou de lado o aspecto mulherengo e problemático de Wally West para investir energia criativa no super-herói destemido, voltando sua atenção para os primórdios. Assim, buscando inspiração nas primeiras aparições do Kid Flash, o autor conseguiu reinterpretar a origem do infante sidekick com muita propriedade. Wally funciona como alter ego do escritor e reflexo das aspirações dos próprios leitores, pois, ao ser atingido por um raio e banhado por produtos químicos, ele é o fã apaixonado que realiza seu maior sonho.

O texto indica toda a satisfação do garoto ao desenvolver a mesma supervelocidade do ídolo, mas também deixa claro que há sempre um preço e deve-se, sim, ter cuidado com o que se deseja. A necessidade de manter tudo em segredo, vilões mortais e a rejeição muscular das novas habilidades revelam problemas no “paraíso”, mas a coragem de um herói nato deverá prevalecer no final.

A questão da confiança, da amizade e das relações familiares é bastante premente no trabalho de Waid. Sob o traço de Greg LaRocque, ilustrador que nasceu para desenhar o Flash, o arco conduz o leitor por um turbilhão de sentimentos explosivos na velocidade da vida.

Destaque para o carinho de Wally West por sua tia Íris, então namorada de Barry Allen e um autêntico farol de esperança numa existência conturbada. O volume inclui ainda uma história curta assinada por Tom Peyer e Humberto Ramos, com o segundo dia da vida do Kid Flash com seus poderes, que é pura diversão.

Finalizando, há duas tramas independentes do roteirista Mark Waid, que exploram diferentes aspectos da mitologia da Força de Aceleração. Desenhos de Pop Mhan e Jim Aparo, veterano raramente associado ao personagem.

Um texto introdutório do aclamado Grant Morrison versa sobre o valor do velocista nos quadrinhos e sua influência na evolução dos super-heróis.

Mark Waid permaneceu à frente do título The Flash por quase uma década, marcada por parcerias com Mike Wieringo, Carlos Pacheco, Oscar Jimenez e Paul Pelletier, dentre outros que entraram no lugar de LaRocque. O autor desenvolveu uma verdadeira mitologia para o icônico justiceiro, e inspirou grandes mudanças no meio.

Super-heróis voltaram a ser heroicos, puros e reluzentes, e emergiu toda uma onda enfocada na beleza da Era de Prata dos quadrinhos. Com o tempo, porém, a DC Comics deixou de lado Wally West para apostar no retorno de Barry Allen.

Seja como for, o velocista continuou ditando as regras e mostrando o caminho: foi o evento Ponto de ignição, centrado no Flash, que marcou uma nova era para o quadriverso da editora, com o reboot conhecido como Novos 52.

Com um poder que atravessa gerações e muito dinamismo, nada consegue segurar o “homem mais rápido do mundo”. Cabe ao leitor tentar acompanhá-lo.

Classificação

5,0

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