O mercado franco-belga tem uma enorme tradição de quadrinhos de humor. E para as centenas de autores que atuam nesse segmento André Franquin é considerado um mestre. Este álbum explica um pouco por quê.

Intitulado Um bronco do piorio, foi o 13º da coleção de 19 volumes que a editora Asa encartou semanalmente no jornal Público, de Portugal, a partir de julho de 2010.

Qualquer um dos 19 livros que compilam todas as HQs do atrapalhado e vagabundo Gaston Lagaffe tem uma capacidade incrível de arrancar gargalhadas (e não meros sorrisos) do leitor. E, como se sabe, isso não é tão simples.

O personagem, que foi criado em 1960, está sempre inventando meios para não trabalhar, o que, claro, irrita demais seus colegas de redação - eles são funcionários, veja só, da Editora Dupuis, que publicava vários personagens de sucesso, como Spirou e Fantásio.

Aliás, nas primeiras HQs (quase sempre de apenas uma página), Fantásio era a "vítima" das fanfarronices de Gaston, mas, a partir do nono álbum, este posto passou a ser ocupado por Léon Prunelle.

Também ajuda a compor o humor da série o inacreditável azar (ou seria aptidão para a desgraça?) de Gaston. Há uma piada que se repete dezenas de vezes, porém com desfechos diferentes, em que o sr. De Mesmaeker, sempre que vai assinar um contrato com a Dupuis, desiste por causa de uma trapalhada de Lagaffe - para desespero primeiro de Fantásio e depois de Brunelle. As situações são hilariantes.

Além disso, com o passar do tempo, Franquin foi criando subplots para diversificar o interesse pela série, como a secretária Joana ser caidinha por Gaston, os bichos de estimação (gato, gaivota etc.) que o protagonista cria dentro da redação e outras.

Mas este álbum tem um atrativo especial, pois é nele que Franquin incorpora mais um elemento à sua deliciosa arte: o autor passa a fazer sua assinatura sempre de acordo com o tema central da HQ (veja abaixo algumas variações). Isso se tornaria outra marca registrada da série e uma diversão extra para os leitores.

E pra deixar tudo ainda melhor, o trabalho editorial e gráfico da Asa é ótimo (veja ao lado a imagem formada pela lombada dos 19 volumes) e o preço do livro, convidativo: € 6,40 por um álbum em capa dura e papel especial.

Uma pena que a Leya do Brasil não tenha viabilizado com sua matriz em Portugal (o grupo é dono da Asa) uma forma para trazer para o nosso mercado as diversas coleções lançadas em parceria com o Público. A de Gaston é uma delas e, mais do que praticamente apresentar o genial Franquin à maioria dos leitores de nosso país, com certeza, seria diversão garantida.