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GRANDES ASTROS - BATMAN & ROBIN # 6

1 dezembro 2008


Autores: Frank Miller (texto), Jim Lee (desenhos), Scott Williams (arte-final) e Alex Sinclair (cores).

Preço: R$ 3,90

Número de páginas: 24

Data de lançamento: Novembro de 2007

Sinopse: A jovem Canário Negro chega a Gotham, atraindo a atenção de Batman. Mas o Homem-Morcego inspira também outros jovens, como Bárbara Gordon, filha do comissário de polícia local.

Enquanto isso, o repórter da Gazeta de Gotham Jimmy Olsen visita sua colega, a sedutora Vicky Vale, no hospital.

Positivo/Negativo: À primeira vista, Grandes Astros - Batman & Robin é o que é: uma HQ horrenda, repleta de personagens vazios que coabitam uma trama desconexa, em que causas não geram conseqüências.

Em resenhas anteriores, uma hipótese foi levantada, com a ajuda da quadrinhista e comentarista norte-americana Shaenon Garrity: Frank Miller estaria fazendo uma grande sátira ao mercado de HQs.

Mais do que isso: o autor da prestigiada série Sin City estaria debochando dos próprios leitores e dos fetiches doentios que regem o mercado - como, por exemplo, a adoração cega pela arte de Jim Lee e de outros criadores forjados na Image dos anos de 1990.

A teoria de que toda a série seria uma piada acaba validada ao se justapor Grandes Astros - Batman e Robin com os outros trabalhos sérios de Miller. Em Sin City, mas também em HQs antigas como Demolidor e Ronin, ele revela ser um mestre da narrativa. Tudo bem que sabe desenhar e criar argumentos matadores, mas é justamente a condução da trama que o destaca de seus pares. E é aí que estão os maiores erros desta série em questão: os fatos não se encaixam. Nem mesmo com os recordatórios no começo de cada cena.

Até agora, parece que toda a série se passa em uma única noite. E que se encaminha para um momento apoteótico.

Mas há verdadeiros rombos na trama. Por exemplo: a repórter Vicky Vale sofreu o acidente de carro depois de sair com Bruce Wayne e ver uma batida de carro. Supondo que isso tudo aconteceu por volta das nove da noite, o que é bem cedo, é de se esperar que ela esteja medicada e cercada de flores em um hospital, como se vê na página 15, por volta das onze. Com isso, é muito, mas muito esquisito que uma adolescente de 15 anos chegue em casa a uma da madrugada sem nenhuma explicação nem roupa de festa, como a página 6 indica.

É simplesmente surreal. E dificilmente algo que Miller deixaria passar batido.

Vale dar uma olhada no comportamento bizarro dos dois adolescentes retratados nesta edição. Batgirl não está nem aí para salvar o mundo, nem mesmo Gotham. Sem nenhum esboço de altruísmo, quer apenas entrar na onda. Jimmy Olsen, tal qual o estereótipo do leitor de quadrinhos, é um boçal assexuado que baba por mulher inatingível. É um sujeito, na versão de Miller, deslocado - tanto que está fora do Planeta Diário e de sua própria vida.

Classificação:

4,0

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