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GRANDES ASTROS - BATMAN & ROBIN # 8

1 dezembro 2008


Autores: Frank Miller (texto), Jim Lee (desenhos), Scott Williams (arte-final) e Alex Sinclair (cores).

Preço: R$ 3,90

Número de páginas: 24

Data de lançamento: Maio de 2008

Sinopse: O Coringa se emociona com a chuva: diz que Gotham fica linda quando chora. A seguir, espanca uma advogada que se esmera no combate à pedofilia.

Na batcaverna, Dick Grayson dá sinais de que quer virar super-herói. E, nas ruas, Batman encontra um certo guardião da galáxia.

Positivo/Negativo: Não dá para levar a sério Grandes Astros - Batman & Robin. Definitivamente, não dá.

Aliás: segundo uma vertente da crítica, liderada pela comentarista norte-americana Shaenon Garrity, a HQ nem sequer é pra ser lida ao pé da letra. O roteirista Frank Miller estaria usando a sua série para criticar os leitores do mercado norte-americano.

Embalados por fetiches insondáveis, esses leitores solicitam que as editoras façam gato e sapato de seus personagens favoritos. Eles têm que, de preferência, ser ultraviolentos, falar palavrões, desafiar outros heróis e, para completar, ser desenhados por astros da famigerada Image Comics dos anos de 1990.

Miller teria resolvido, portanto, realizar os desejos mais sórdidos de seu séquito. E, por tabela, mostrar que os anseios dos leitores nada mais são do que o insumo para uma grande porcaria.

O autor de O Cavaleiro das Trevas e Ano Um, sagas que são marcos da bibliografia do Homem-Morcego, levou sua perversidade às últimas conseqüências. São bizarrices que se pode ver nesta edição. O Coringa, por exemplo, virou um ser ultraviolento que faz poesia, mas não piadas. Robin é retratado como um pivete metido à besta. O herói cósmico Lanterna Verde, em uma ponta boba, é mostrado como um verdadeiro boçal.

Até o demasiadamente exagerado Jim Lee, superastro da década passada, foi arrastado para o projeto. Seu trabalho é quase um outro personagem dessa sátira. Sob seu traço, cada quadro é tão espetacular que cansa. Ele é, sem dúvida, um estilista - mas também é um artista datado, que carrega as tintas na expressividade.

O resultado geral é pra lá de cômico. Para quem entra no clima, tudo vira motivo de riso - até mesmo a falsa interferência do editor, que atribui à censura o corte de um palavrão. Soa como um deboche dos códigos (geralmente escritos, mas muitas vezes tácitos) que regem os quadrinhos norte-americanos. Afinal, matar uma advogada a paulada pode. Mostrar uma dominatrix nazista seminua pode. Mas praguejar é feio, é imoral, é um problemão.

Pena que, desta vez, a edição brasileira saiu com um erro grosseiro. Em dado momento, Dick Grayson anuncia que vai adotar como codinome Capuz na sua vida de super-herói. Logo em seguida, Batman o rebatiza: Robin. Sem tradução adequada ou explicação, uma piada se perdeu.

Afinal, em inglês, "capuz" é "hood", e uma piada com o lendário herói inglês Robin Hood. A cena toda, que toma cinco páginas de uma revista de apenas 24, acabou tendo seu sentido original dilapidado por uma bobagem que uma nota de rodapé resolveria facilmente.

Classificação:

4,0

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