Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
OUÇA
Reviews

GRANDES ASTROS - BATMAN & ROBIN # 9

1 dezembro 2008


Autores: Frank Miller (texto), Jim Lee (desenhos), Scott Williams (arte-final) e Alex Sinclair (cores).

Preço: R$ 3,90

Número de páginas: 24

Data de lançamento: Julho de 2008

Sinopse: Pintados de amarelo, em um esconderijo coberto pela mesma cor, Batman e Robin enfrentam o atrapalhado Lanterna Verde Hal Jordan.

Positivo/Negativo: Boa parte dos quadrinhos de super-heróis anda insossa e previsível. No fim das contas, o gênero está pra lá de maçante.

É daí surge espaço para um Grandes Astros - Batman & Robin. A série, é bem verdade, pode ser simplesmente um lixo. É nisso que acreditam muitos leitores, principalmente ao compará-la com as HQs que consagraram Frank Miller, como Demolidor ou O Cavaleiro das Trevas. Daí a análise é fácil: o autor perdeu a mão. Ou outra: topou escrever a série pelo dinheiro e, portanto, está rascunhando qualquer coisa.

Outra vertente, já discutida à exaustão no Universo HQ em resenhas anteriores, propõe que o autor está construindo uma das mais severas e pesadas sátiras que a indústria de quadrinhos norte-americana já viu. Nesse caso, o alvo seriam os leitores - justamente aqueles que esperam de Miller um novo O Cavaleiro das Trevas e que aplaudem as idiossincrasias do mercado.

De certa forma, não importa quem está certo a respeito das intenções do autor. Afinal, é possível que nem mesmo Miller tenha uma resposta única e linear.

Mas a simples existência de um debate tão longo e acirrado traz à tona aquele que talvez seja o maior mérito da série: o de criar debates, de polemizar, de fazer os leitores discutirem os quadrinhos que lêem e a indústria que os produz.

Mês a mês (e um pouco mais que isso, já que a série coleciona atrasos), os fóruns e o Orkut ficam lotados com questionamentos a respeito da história. É muito salutar perceber que fãs que até pouco tempo esperavam por um novo O Cavaleiro das Trevas agora chegam a questionar a necessidade - e mesmo a possibilidade - de se repetir o arrasa-quarteirão da década de 1980. E isso não é qualquer bobagem.

Tanta discussão não vem só da fama dos autores - embora os nomes de Miller e Jim Lee inegavelmente façam tilintar as caixas registradoras das gibiterias. Mas é igualmente impossível esconder o fato de que Grandes Astros - Batman & Robin não é monótona.

Pode ser, sim, inconseqüente, insana, raivosa, exagerada, bizarra, tosca ou demente. É difícil reconhecer em seu Batman truculento o herói a que se está acostumado nas revistas de linha. Nesta edição, o Lanterna Verde é tratado como se fosse um babaca. E Robin, em ação, é um trombadinha descontrolado. Tudo é exagerado, distorcido, com personagens que dão muitas oportunidades para Jim Lee desenhar seus famosos dentes que rangem.

Sobram elementos questionáveis na série. Seja por incompetência, seja para criticar a indústria, Miller conseguiu fazer com que seu Grandes Astros - Batman & Robin fosse, ao menos, uma obra quente, da qual se pode falar e da qual se tem vontade de, edição após edição, discutir.

Em tempos de HQs insossas, em que os super-heróis andam servindo de substituto para soníferos, Grandes Astros - Batman & Robin é uma revista que tem o saudável mérito de movimentar o cenário - e reduzir o marasmo de um gênero que anda mal das pernas com suas crises e guerras.

Classificação:

4,0

Leia também
Já são mais de 570 leitores e ouvintes que apoiam o Universo HQ! Entre neste time!
APOIAR AGORA