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GRANDES ASTROS - SUPERMAN # 9

1 dezembro 2008


Autores: Grant Morrison (texto), Frank Quitely (desenhos), Jamie Grant (arte-final e cores).

Preço: R$ 3,90

Número de páginas: 24

Data de lançamento: Março de 2008

Sinopse: Quando Superman volta à Terra depois de sua temporada no Mundo Bizarro, encontra um planeta reconfigurado por um casal de astronautas kryptonianos.

O problema é que os dois parecem mais dispostos a limar os terráqueos para criar um novo Krypton.

Positivo/Negativo: Todos os meses, as editoras norte-americanas lançam centenas de títulos protagonizados por super-heróis e similares. Por ano, são milhares de edições. Disso tudo, quando se põe o lixo de lado, pouquíssima coisa é de fato aproveitável. De todo o esforço de centenas de profissionais e mais de uma dúzia de editoras (em especial as duas grandes, DC e Marvel), apenas um punhado de HQs é digno de lembrança.

Grandes Astros - Superman é uma dessas exceções, uma pequena obra-prima no formato de gibi.

Nela, Grant Morrison se mostra um autor de primeira grandeza. Grandes Astros - Superman até tem suas teorias revolucionárias (como The Filth). E também é um manancial de citações - no caso, da Era de Prata, período-chave do desenvolvimento dos super-heróis. Mas, para o leitor, isso tudo fica em primeiro plano. O que Os Invisíveis tem de complexo, Grandes Astros - Superman tem de simples. Sua leitura dá ao fã um prazer desmedido.

Ao lado do roteirista está Frank Quitely, um artista com um estilo único, que faz rostos engraçados, um pouco inchados, com olhos levemente esbugalhados por conta das pupilas pequenas. Seus personagens assumem poses leves, graças ao traço que sugere movimento o tempo todo. Sua arte, aliada à narrativa do texto de Morrison, cria uma grande narrativa.

Esta edição é mais um exemplo disso.

A maldição dos Supermen substitutos é uma história ágil, densa, com um ritmo admirável. E, de quebra, cheia de humor nonsense. Em dado momento, por exemplo, os kryptonianos quebram a Lua ao meio e a consertam colando a rachadura com pontes terrestres.

Em seguida, aparece um Jimmy Olsen que usa a cueca por cima das calças. Jimmy debocha de seu melhor amigo, mas também da própria série e de todo o gênero dos super-heróis sem perceber. A piada é velha, mas é renovada pelo ar patético que o desenho de Quitely lhe concede.

A história pode ser curtida por si só, sem que o leitor recorra às referências, e ainda assim é uma beleza de leitura.

Mas também é possível futricar a Era de Prata para investigar as citações de Morrison, que não são poucas. Afinal, ao buscar um Superman universal, desprovido da cronologia recente, o roteirista foi buscar inspiração no período mais psicodélico da história do Homem de Aço, em que o herói enfrentava duendes multidimensionais, cientistas loucos e ETs tresloucados.

É, por sinal, da Era de Prata que surgem o tom nonsense e o humor da publicação. Mas Morrison e Quitely não se limitam a reproduzir o que rolou décadas atrás. Eles atualizam levemente o clima da história - que não fica datada.

O resultado dessa mistura também é percebido facilmente por quem nunca leu nada de ou sobre o período homenageado: há um certo clima de desenho animado, tipo Papa-Léguas mesmo, em que Superman toma tanta porrada quanto o Coiote Coió. E, claro, sobrevive, para chegar a um desfecho trágico - até que tudo vira, de novo, pura comédia.

Classificação:

4,0

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