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GUERRA CIVIL # 7

1 dezembro 2008


Autores: Mark Millar (roteiro), Steve McNiven (desenhos), Dexter Vines, John Dell, Tim Townsend (arte-final) e Morry Hollowell (cores).

Preço: R$ 4,90

Número de páginas: 32

Data de lançamento: Janeiro de 2008

Sinopse: De um lado, o Capitão América e seus aliados insurgentes. Do outro, o Homem de Ferro e os heróis legalistas. O derradeiro conflito da Guerra Civil vai começar.

Positivo/Negativo: Na prática, este é o último número de Guerra Civil. Nesta revista acaba a minissérie de Mark Millar e Steve McNiven. Mas dificilmente dá para dizer que se chegou a um fim.

Uma das características mais marcantes das histórias de super-heróis é a sua continuidade ad infinitum. Olhando de fora, a Marvel conta uma única história, imensa, que começou em 1961 com o Quarteto Fantástico e já dura quase 50 anos. Cada aventura e cada arco são apenas pequenas partes de uma narrativa monumental, escrita e desenhada por muitas mãos.

Há, claro, narrativas mais fechadas em si mesmas nesse balaio - como é o caso do Demolidor de Frank Miller.

Guerra Civil, contudo, não se enquadra nessa categoria. A mini está incrustada no coração da grande narrativa do Universo Marvel. Por si só, não teve começo. Em alguns momentos, quase não teve meio - há tantas histórias interligadas que a trama principal parecia mais uma colcha de retalhos. E também não tem fim.

Se fosse avaliada como uma história fechada, o desfecho de Guerra Civil seria pra lá de forçado. Mas é preciso interromper o fluxo do texto antes de prosseguir.

Afinal, se a minissérie teve um mérito, foi o de arrebatar os leitores. Eles tinham seus lados e torciam pela facção favorita. Alguns chegavam a expressar a escolha em fóruns de discussão e blogs, com banners estrategicamente distribuídos pela Marvel.

Nos Estados Unidos, onde a história saiu um ano antes, cada preview caía como uma bomba sobre o mercado. E as novidades eram tão fortes que venceram a barreira dos spoilers e chegaram aqui antes.

Foi uma pena: para uma minissérie que sobreviveu basicamente de mostrar grandes fetiches aos leitores, chegar ao Brasil sem novidades tirou muito da força da história - algo que este resenhista vem comentando desde o segundo número, quando Homem-Aranha revelou sua identidade.

Mesmo assim, a comoção causada pela série foi grande. Ainda que a Panini não divulgue números de venda nem participe da auditoria do Instituto Verificador de Circulação, o mercado comenta que a revista teve resultados acima da média. Além disso, a repercussão era visível em fóruns e no Orkut - e até mesmo pela ansiedade de alguns leitores deste site em comentar as resenhas e notícias da série.

A expectativa fez a editora brasileira criar um site para o evento e lançar vários especiais. Nem tudo foi bem: as duas primeiras edições de Guerra Civil Especial atrasaram mais de um mês. A terceira ainda não saiu. Além disso, o site ficou invariavelmente atrasado em relação aos lançamentos nas bancas. Mas a verdade é que nada disso atrapalhou o que restava de euforia para os fãs brasileiros.

Por isso, é melhor não arriscar um comentário mais específico sobre o final da trama sem que antes se reforce o alerta de spoiler que paira sobre todos os reviews do Universo HQ.

Com o aviso reiterado, já dá para comentar que o desfecho de Guerra Civil não chega a ser, por si só, impactante. Pelo contrário: depois de quase meio século de batalhas travadas em plena Nova York, ver o Capitão América abrir mão do combate em prol dos civis dos arredores está à beira de uma forçada de barra.

Sua rendição interrompe a batalha abruptamente e não dá um fim à disputa entre os legalistas e os insurgentes. A história continua em especiais e nas revistas de linha, todos devidamente anunciados em uma página depois do desfecho da HQ. O garoto-propaganda é o próprio Tony Stark, o Homem de Ferro, que diz na última página: "Ah, mas o melhor ainda está por vir, minha cara... Eu juro."

É um banho de água fria em quem procura minisséries como um contraponto às histórias sem fim dos títulos regulares. Resta saber se quem acompanha o Universo Marvel ainda cai no truque.

No fim das contas, é um jogo de auto-engano: as editoras vêem esses eventos como uma isca para arrebanhar novos consumidores e ampliar as compras dos atuais, enquanto uma parcela de leitores veteranos tende a fugir das velhas artimanhas de crossovers.

É um macete velho e desgastado. Deve ser por isso que, depois de afirmar que há um futuro pela frente, Stark se vê obrigado a jurar que, desta vez, vai ser bom mesmo. E, enfim, quem é que ainda acredita nisso?

Classificação:

4,0

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