Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
OUÇA
Reviews

HACK/SLASH ANNUAL # 1

1 dezembro 2012

HACK/SLASH ANNUAL # 1

Editora: Devil's Due Publishing

Autores: Tim Seeley (roteiro e desenhos) e Katie DeSousa (cores).

Preço: US$ 5,50

Número de páginas: 48

Data de lançamento: Julho de 2008

 

Sinopse

Cassie Hack é a única sobrevivente do ataque de um assassino serial, e viaja o mundo com um parceiro monstruoso para exterminar esses terríveis matadores.

Quando diversas modelos do site Suicide girls se matam misteriosamente, a única opção de Cassie é participar de um ensaio erótico para se fazer de vítima e atrair o responsável.

Positivo/Negativo

Hack/Slash é uma série em quadrinhos que celebra a paixão por filmes de terror trash, especialmente aqueles do subgênero slasher movies, como Sexta-Feira 13 e O massacre da serra elétrica, em que assassinos desfigurados fartam-se do sangue de jovens inocentes.

Criada pelo escritor e desenhista Tim Seeley em 2004, no especial Euthanized, Hack/Slash acompanha a bela e destemida jovem Cassandra "Cassie" Hack em sua cruzada para livrar o mundo dos slashers, sempre na companhia de seu deformado parceiro Vlad.

A revista passou de edições especiais e minisséries para um título regular, hoje publicado pela Image Comics, angariando número crescente de fãs e até crossovers com personagens dos filmes Re-Animator e Brinquedo assassino.

Mas a maior surpresa foi mesmo esta primeira edição anual, em que Cassie investiga as mortes de modelos de um site erótico de sucesso no mundo real, e decide ela mesma posar nua para o Suicide girls, com o intuito de atrair um assassino sobrenatural.

A história resultante pode não ser uma das mais cerebrais incursões sobre a mente criminosa, mas é sexy e divertida.

Como a própria heroína deixa claro nas primeiras páginas, em sua narração em primeira pessoa, ela já enfrentara situações assustadoras como um São Bernardo raivoso e até um sacerdote homicida, mas nada comparável a tirar a roupa para um site da internet.

Cenas apelativas surgem em ritmo frenético para alegria dos leitores, com destaque para uma modelo possuída se despindo e atacando uma Cassie preocupada em salvar a vida de sua oponente.

O artista Tim Seeley imprime um bom ritmo ao texto, que também é marcado pelos diálogos entre a protagonista e seu enigmático parceiro. Quando a trama se inicia, a dupla pretendia assistir a um festival de filmes ruins, mas uma decisão inesperada de Vlad acaba comprometendo o programa e revelando o bom coração do anti-herói.

Essa relação de amizade sincera em meio ao horror é mais um trunfo de Hack/Slash, justamente por mostrar como bons sentimentos sobrevivem à adversidade.

Suicide girls é um site de conteúdo exclusivo para assinantes com ensaios fotográficos eróticos de mulheres fora dos padrões da grande mídia. Como um dos associados de Cassie define para a amiga em certo ponto da história, "super-punk-rock-góticas-emo-gostosas-ficando peladas".

E pelo fato de a protagonista se enquadrar no perfil, o inesperado crossover com Hack/Slash foi uma boa sacada. Além disso, há uma cena em especial em que uma modelo explica com clareza seu estilo de vida, numa prova de que sempre é possível tirar algo mais do que parece entretenimento descompromissado. Até mesmo numa homenagem aos filmes "tão ruins que ficam bons".

Ao longo dos anos, Hack/Slash já apresentou um sem-número de assassinos sobrenaturais, mortos-vivos e criaturas das trevas sendo impiedosamente dilaceradas por Cassie Hack.

O roteirista Tim Seeley demonstra vasto conhecimento sobre o gênero e leva a proposta da mocinha (que reage à altura, já popularizada por Joss Whedon em Buffy - A caça-vampiros) a níveis inimagináveis de sensualidade e muita violência.

É de se admirar como uma ideia tão simples vem rendendo uma sucessão de boas histórias, escapando da mesmice e da previsibilidade que por vezes assola o cinema de horror. Foi na década de 1980 que surgiram os maiores clássicos dos slasher movies e, apesar dos eventuais remakes, prelúdios e continuações dos últimos anos, poucos filmes modernos conseguem repetir o fascínio dos originais.

Hack/Slash não tem vergonha de honrar a tradição de Jason e Freddy e ainda apresenta contribuição própria. O anual é uma boa opção para se conhecer esse universo criativo. As últimas oito páginas trazem um preview do ensaio de Cassie para o Suicide girls, que só os assinantes do site puderam desfrutar na íntegra - mas já um bom atrativo aos safados de plantão.

 

Classificação:

4,0

Leia também
Já são mais de 570 leitores e ouvintes que apoiam o Universo HQ! Entre neste time!
APOIAR AGORA