Hidden disasters é um álbum publicado e distribuído gratuitamente pela União Europeia para divulgar como é o trabalho de ajuda humanitária da Echo. E isso tem seus prós e contras.

Na dianteira dos contras está uma característica que não chega a surpreender: o tom didático e monótono que marca a maioria das HQs institucionais. O roteiro é certinho demais. Não arrisca. O pecado maior é basear o enredo em um país fictício como Bordúvia: fica artificial demais numa época em que autores como Joe Sacco e Emmanuel Guibert retratam a realidade das zonas de conflito.

Claro, um órgão oficial que representa diversos países tem mais é que ser zeloso com seus deveres institucionais e não pode sair por aí aloprando com roteiros profundos e reveladores. Mas tem que ter consciência de que uma HQ pagará um preço por isso: dificilmente ela será uma grande obra de arte.

Deixando de lado as limitações autoimpostas, Hidden disasters tem seus acertos. Graficamente, segue os padrões do mercado franco-belga e é muito caprichada: capa dura, bom papel, impressão impecável.

A arte do belga Erik Bongers é bonita. De longe, lembra o traço de Steve Dillon. Nos detalhes, dá para perceber a influência de Moebius.

Mesmo com as limitações, Bongers consegue fazer um roteiro com bons momentos. Depois de um começo maçante, a história pega um ritmo quando Zana vai para a região das montanhas e chega a enfrentar problemas com autoridades.

Hidden disasters pode ser baixada ou encomendada no site da livraria da União Europeia.