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HITMAN # 7

1 dezembro 2003


Autores: Garth Ennis (roteiro), John McCrea e Steve Pugh (desenhos).

Preço: R$ 7,90

Número de páginas: 48

Data de lançamento: Junho de 2003

Sinopse: Ás dos matadores - Conclusão - Mulher-Gato, Debora Tiegel, Tommy e Natt entram num acordo com Etrigan. O que provoca um massacre que não poupa nem mesmo seres infernais. Como conseqüência de tamanha reviravolta, Mawzir, o coisa-ruim, acaba por revelar aos leitores sua origem.

Me Beija - Dois cenários diferentes: no primeiro, o apartamento de Tiegel é palco para ela e Tommy finalmente "desencantem". No segundo, do outro lado da rua, no prédio em frente, traficantes de "talco" negociam em meio a um clima de alta ansiedade!

Mostrar como Tommy Monaghan vai transitar de um cenário para outro é a razão desta aventura.

Positivo/Negativo: Soltem rojões e dêem vivas, pois do # 6 para o número # 7 apenas quatro semanas se passaram. Sendo assim, há a esperança de que as aventuras de Tommy Monaghan, vulgo Hitman, tornem-se regulares e mensais.

A editora Brainstore anuncia a aventura Quem Ousa, Vence, em três partes. Ainda é possível encontrar manifestação de talento, inteligência e diversão na seção de HQs na banca da esquina.

Mas por que tanto motivo para comemoração? Por que tanto elogios?

A resposta é simples: Hitman é hoje uma das raras HQs regulares que oferecem, pela via do humor, uma divertida reflexão sobre a decadência do atual produção das majors norte-americanas, como a Marvele a DC Comics.

A amoralidade do personagem Tommy Monaghan é trabalhada pelos ótimos roteiros de Garth Ennis de maneira ousada, ao lançar o personagem-título em situações absurdas e patéticas, que não perdoam nem mesmo o seu status de (anti)herói.

Não há, portanto, para esta série a idéia da previsibilidade quanto ao papel do personagem ou o final das aventuras. Monaghan vive em conflito contínuo não por opção, mas por ser inserido num universo ficcional movido a contradições ora realistas, ora absurdas, que se misturam e se chocam na mesma aventura.

Isto que dizer que, na Gotham City de Hitman, tráfico de influências, drogas e armas convivem com manifestações sobrenaturais e superseres tão poderosos quanto dotados de virtudes e vícios humanos. Não há dualismo puro e simples. Monaghan não é o velho herói que resolve problemas e aplica a justiça, mas sim o personagem que "surfa" e se diverte em ondas de caos recorrentes.

Garth Ennis cria aventuras atentas às (des)ilusões do mundo contemporâneo: a luta pela sobrevivência em meio a uma sociedade que combina velhos problemas (violência, corrupção, superstição) e os novos (concorrência globalizada, poluição,decadência urbana).

O humor da série coloca em pauta tais questões ao mesmo tempo em que provoca o riso, e, assim, torna a reflexão mais prazerosa, e, ao mesmo tempo, cria uma memória: comparar as aventuras de Tommy Monaghan com o nosso país não deixa de ser uma forma de demonstrar a relevância desta série (vide o review de Hitman # 6).

Esta edição dá continuidade a este desenvolvimento do personagem, ao trazer não só a conclusão da saga Ás dos Matadores, como apresentar uma aventura intermediária para abordar o relacionamento entre Monaghan e Tiegel. Escrever demais estragaria a surpresa, mas imaginem os personagem citados vivendo uma aventura nos molde do antigo seriado I Love Lucy, isto é, confusão e desencontro entre um casal apaixonado, mas sem abrir mão do principal elemento cômico desta HQ, humor violento.

O que poderia ser uma história chata e sem graça acaba se tornando uma pequena comédia romântica absurda!

Para os adolescentes, Hitman # 7 traz, como atrativo extra, o amadurecimento de Tiegel...

A outra ótima notícia é participação do desenhista Steve Pugh!

Vida longa para Hitman! Compre!

Classificação:

4,0

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