Confins do Universo 203 - Literatura e(m) Quadrinhos
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HOMEM DE FERRO – A ARMA DEFINITIVA

1 dezembro 2008


Autores: Fred Van Lente (roteiro) e James Cordeiro (desenho)

Preço: R$ 8,90

Número de páginas: 112

Data de lançamento: Maio de 2008

Sinopse: O empresário Tony Stark parte para mais uma de suas aventuras quando cai na ilha de Madripoor e é feito refém pelo grupo terrorista IMA. Com a ajuda do professor Gia-Bao Yinsen, também prisioneiro, ele constrói uma poderosa armadura e consegue derrotar a IMA e fugir.

Depois disso, Stark adota uma identidade secreta e, como o herói Homem de Ferro, combate vilões como o Mandarim, o Homem Planta e o Espião Mestre.

Positivo/Negativo: Ninguém pode condenar as editoras de quadrinhos por buscarem lucro. Longe disso. Como qualquer empresa, elas têm mais a necessidade de correr atrás disso, para prosseguir com sua atividade. Contudo, espera-se que isso seja feito com o mínimo de dignidade e respeito ao leitor/consumidor, o que não ocorre nesta edição.

Depois da versão Ultimate, da Extremis, do longa-metragem animado e do filme, era mesmo necessário a Marvel criar uma nova versão para o Homem de Ferro? Quantas vezes se pode mudar pequenos detalhes, somar e tirar elementos e coadjuvantes e recontar uma história de forma minimamente interessante?

Pelo que se vê aqui, pelo menos uma vez a menos do que esta.

Não que a história seja terrivelmente mal narrada. Ela até passa por um quadrinho juvenil mediano, sem muito conteúdo. O problema é que, nas primeiras partes, recai sobre o roteirista a eterna obrigação de recontar a origem do personagem - e isso sobrecarrega de informação uma trama que não tem ritmo suficiente para isso.

Outro problema: a versão precisa conciliar o personagem visto no cinema, com um pouco dos quadrinhos e ainda colocar algo diferente. É exigência demais para um roteirista normalmente escalado para edições fechadas ou cobrir férias de outros escritores.

Obviamente, para um projeto como este, cuja idéia é apenas vender revistas aproveitando a divulgação do filme, não há a preocupação de escalar um desenhista de primeiro time. Por isso, como aconteceu nos roteiros, Cordeiro dá conta do recado, e só. Um típico artista para recuperar títulos atrasados.

Agora, o grande golpe foi aplicado na edição nacional. Começa com o visual com capa de álbum de figurinhas, talvez para atrair as crianças ou pais que compraram os álbuns de filmes, mas não têm o hábito de adquirir quadrinhos. Há ainda, entre as histórias em quadrinhos, fotos, imagens e pequenos textos, como nas revistas informativas.

Como foi dito antes, são técnicas para atrair novos leitores, para aproveitar do "barulho" feito pelo filme, para lucrar. Sem problemas.

O problema é: parece que o editor não leu a revista. Ou que duas equipes diferentes construíram esse Frankenstein sem o menor sentido, mandaram para a gráfica e soltaram na banca.

Tentar ler as histórias e os enxertos da edição nacional é uma viagem surreal. A maior parte dos textos fala sobre o filme, mas como se estivesse contando um "arquivo confidencial" do Homem de Ferro das HQs. Então, o leitor confere esses artigos achando que está sendo informado sobre a origem do personagem que virá na trama.

No entanto, qual não é a surpresa ao deparar, na HQ, com uma origem totalmente diferente da lida minutos atrás! Quem são mesmo aqueles personagens do texto e por que estão diferentes na aventura?

Então, num exercício mental de adivinhação, o leitor pensa: "Bem, talvez os textos sejam só sobre o filme". Mas, de repente, sem aviso algum, pinta um resumo introdutório traduzido da HQ americana que não tem nada a ver com os artigos anteriores, mas, sim, com os quadrinhos do personagem.

No final de tudo, há uma matéria rasa como um pires que faz um rascunho de apanhado geral sobre o Homem de Ferro, mas novamente é tão confusa que não dá pra saber quando aborda quadrinhos, cinema ou desenho animado.

No geral, é um "caça-níquel" vergonhoso. A Panini poderia ter o mínimo de respeito com o leitor e, já que queria aproveitar a onda o filme, ter a dignidade de ler o material sem sentido que produziu antes de lançá-lo nas bancas. Afinal, esse tipo de primeira (má) impressão costuma afastar novos leitores.

Para fazer um serviço como este, era melhor publicar só as histórias americanas sem os "extras" que tentam "justificar" os R$ 8,90 - preço acima da média das revistas mensais.

Classificação:

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