Autor: Hideo Yamamoto (texto e arte).

Preço: R$ 10,90

Número de páginas: 224

Data de lançamento: Julho de 2009

Sinopse: Susumu Nakoshi relembra momentos de sua vida antes de optar pela vida de mendigo. O rapaz é um banqueiro, que se relaciona com moças bonitas e que aceitam presentes finos em troca de permitir que o parceiro ejacule em seus rostos durante o sexo oral.

Além disso, faz empréstimos arriscados a grandes empresas - e não está nem aí para as consequências, até encontrar um homem que perdeu o emprego e a vida por conta de uma de suas negociatas.

Ao retomar sua vida atual, Susumu começa a investigar a vida de um desses homens. E acaba fazendo uma descoberta crucial sobre si mesmo.

Positivo/Negativo: Homunculus continua sua trajetória de um dos títulos mais interessantes das bancas brasileiras.

A trama é calcada em Susumu Nakoshi, um sujeito misterioso que vive nas ruas, mas que já foi um executivo do mercado financeiro japonês. Cobaia de uma experiência de trepanação, acredita que enxerga a essência das pessoas ao tapar o olho direito com a mão.

A série ainda traz cenas que podem ser consideradas chocantes, como estupros, sedução de menores de idade e tortura psicológica, sempre de forma direta, sem embromar. Aguenta quem pode.

A forma como Hideo Yamamoto constrói seu mundo grotesco é interessantíssima. Na arte, ele não faz diferença estética entre as cenas comuns e as mais agressivas. O desenho segue sempre o mesmo tom. O que dá peso ao quadro é a velocidade da ação e a reação dos personagens, e não um julgamento moral.

É o contrário do que se vê usualmente. Uma cena de estupro numa HQ convencional ganha contornos mais pesados e dramáticos. Em Homunculus, o peso só surge a partir das visões distorcidas pelos efeitos da trepanação.

O resultado é que uma cena em que o protagonista está jantando no restaurante tem o mesmo impacto visual do que uma em que ele ejacula na cara de sua parceira. A diferença não está no mangá - e sim nos olhos do leitor.

A estas alturas, vários dos mistérios de Homunculus começam a ser solucionados. Já se tem ideia de quem é Susumu. Muito da natureza da experiência da trepanação é revelada no final desta edição. Pelo visto, a trama se encaminha para o desfecho - embora Hideo Yamamoto já tenha deixado claro que é um autor capaz de espichar a história sem embromar.

Apesar dos atrasos constantes e de, a partir desta edição, custar R$ 1,00 mais caro, Homunculus vale a pena. Afinal, é um dos poucos títulos a sair da mesmice nas bancas brasileiras.

 

Classificação: