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J. KENDALL - AVENTURAS DE UMA CRIMINÓLOGA # 90

1 dezembro 2012

J. KENDALL - AVENTURAS DE UMA CRIMINÓLOGA # 90

Editora: (Mythos) - Revista mensal

Autores:

Giancarlo Berardi (argumento), Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (roteiro) e Ernesto Michelazzo (arte) - Publicado originalmente em Julia # 90.

Preço: R$ 8,90

Número de páginas: 128

Data de lançamento: Maio de 2012

 

Sinopse

O fogo interior - Um jovem foi sequestrado e é torturado por um homem. Porém, o rapaz é filho de um influente político de Garden City, o que motivará o procurador Robson a colocar toda a força policial e Júlia Kendall no caso.

Positivo/Negativo

Se o leitor teve uma edição anterior morna e com saídas fáceis, aqui Giancarlo Berardi mostra de onde vem sua notoriedade de roteirista exemplar.

Não há segredo para os leitores sobre a identidade do criminoso que é caçado pela polícia. O fumetto o apresenta logo nas primeiras páginas, torturando sua vítima, para não deixar dúvidas. Em paralelo, desenvolve-se a trama de Júlia com a investigação e seus problemas pessoais, bem como uma subtrama envolvendo Emily.

A trama que envolve o criminoso é pesada, forte, amaciada pela relação que o homem mantém com seu filho, um cadeirante. Já a parte de Júlia é pontuada por suas dúvidas, disparadas a partir da investigação do sequestro, e de um discurso anticonsumista muito bem encaixado por Berardi.

Discurso esse que é negado pelo tenente Webb, o representante da facção política conservadora no gibi. Apesar desse discurso que fundamenta parte dos acontecimentos, o que ocorre não se deve necessariamente a ele.

Esse artifício evita que a trama caia em uma acusação cheirando a mofo e mal arranjada.

Outro ponto forte é a motivação do seu criminoso, que é o personagem motor, que coloca a trama em andamento. Nada justifica tortura e assassinato, é óbvio, mas a revelação humanizadora de um vilão visto como cruel é sempre bom para a história.

Mais um elemento de construção genial se apresenta no nível simbólico: o fogo, usado pelo criminoso, está presente em diversos momentos da aventura. A solução aqui é dos méritos da investigação e dos métodos criminológicos de Júlia.

Cabe, no entanto, uma crítica: após anos de colaborações conjuntas, Webb despreza os métodos de Júlia que resolveram a maior parte dos casos. Entende-se a caracterização dos personagens, mas não deixa de ser tolo esse tipo de procedimento, que ancora a história em uma fantasia que depõe contra o realismo de toda a série, seja nas ações, nas tramas ou na arte.

No melancólico final, J. Kendall - Aventuras de Uma criminóloga traz a solução do mistério e o esclarecimento do crime, mas é de se pensar sobre as punições e, principalmente, o que sobra disso tudo.

É pequeno o solavanco que há na última página, uma tentativa frustrada de Berardi e Lorenzo Calza de tentarem organizar o caos que geraram. Por sorte, eles falham nisso.

Sim, sorte, pois o enredo irresoluto em algumas coisas acaba deixando tudo mais real, que é a proposta da HQ.

Mais uma vez, satisfação garantida para os leitores!

 

Classificação:

4,0

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