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JOQUEMPÔ

1 dezembro 2010

JOQUEMPÔ

Editora: Devir Livraria - Edição especial

Autores: Rogério Vilela (roteiro) e Nelson Cosentino (arte).

Preço: R$ 19,50

Número de páginas: 56

Data de lançamento: Janeiro de 2010

 

Sinopse

Às vésperas da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, pela primeira vez o governo estende o Carnaval por dez dias seguidos.

Enquanto isso, Marcel, um quadrinhista que acorda após um coma de três anos e meio, recebe uma mochila com objetos aparentemente comuns, mas interligados de uma maneira extraordinária.

Agora, ele precisa montar um enorme quebra-cabeça que afetará não só a sua vida de forma radical, como também deverá alterar de forma definitiva o destino de toda a civilização.

Começou o jogo e a humanidade será dividida em três categorias: papel, pedra, tesoura. As regras são rígidas e a escolha dos principais jogadores já foi feita...

Positivo/Negativo

Uma boa história em quadrinhos de suspense precisa ter um requisito básico: deixar o leitor ávido para ler o seu desfecho. Joquempô é assim. E ao chegar à página final, o leitor tende a concordar com o jornalista Roberto Sadovski, editor-chefe da revista Set, que já deixa isso claro logo no prefácio da edição.

O roteiro de Rogério Vilela, no melhor estilo do seriado Lost, joga um caminhão de informações (a princípio) desconexas sobre o leitor, que tem a missão de "ligar os pontos", pra usar o termo usado na história. Destaque para os diálogos bastante verossímeis do personagem principal com seu amigo Reali.

Na arte, Cosentino dá conta do recado, mas sem brilhar. O desenhista peca em algumas expressões faciais, que poderiam ser mais bem trabalhadas, e pela pouca ousadia na diagramação das páginas. O tema permitia "voos" maiores.

Mas o ponto alto, mesmo, é a trama, que vai e volta no tempo, introduz elementos que, até o momento, só servem para deixar o leitor curioso. Isso porque a história não termina neste álbum.

E aí a Devir falha ao não avisar isso na capa (a mera inserção de um Volume 1 resolveria a questão) ou na quarta capa. Não é todo mundo que conferirá, antes de comprar, o texto de Rogério Vilela abaixo do expediente, contando que trata-se do primeiro episódio da "temporada inicial" de Joquempô.

No livro, o autor não diz sequer quantos serão os episódios desta primeira temporada. Pelo Twitter, em resposta a este resenhista, ele explicou que Joquempô terá 11 arcos, que variarão de 4 a 12 capítulos.

E aí que mora o perigo. Não que a série não tenha qualidade para tamanha longevidade. Mas, no Brasil, nunca um título nacional vendido em livrarias e comic shops se estendeu por tanto tempo. É uma aposta bastante arriscada, ainda mais porque este primeiro álbum foi beneficiado pela verba do Proac - Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo e não há garantia de que os demais também serão.

Segundo Vilela, o segundo número de Joquempô sai em junho e a intenção, em seguida, é reduzir o intervalo entre cada álbum para dois meses. O autor informou ainda que a Devir pretende publicar toda a série, mas "para irmos bem até o final, ela precisa ser coeditada nos Estados Unidos; o que já está sendo providenciado".

Fica a torcida pelo sucesso da empreitada. Afinal, o leitor merece saber o final da história iniciada nesta edição. Mas é praticamente certo que, para isso, os autores encontrarão muitas pedras, papéis e tesouras pelo caminho.

Classificação:

4,0

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